Não há racha na Direita, e sim diversidade de opiniões. Sabe o que é isso, Esquerda?

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O Jornal O Estado de São Paulo vibrou com mais um quiproquó público protagonizado por figuras notórias por terem contribuído sobremaneira para a derrocada do PT (notadamente no processo que enxotou Dilma do Planalto) e suas linhas auxiliares nos últimos anos – motivado, talvez, pelo senso comum de que um time “desunido” perderia forças e abriria o flanco para o ataque do oponente.

Mas a celebração do periódico, tudo leva a crer, foi deveras precipitada, pois basta lançar um olhar mais apurado sobre o contexto destes confrontos para entender o quão salutares eles podem vir a ser na busca de soluções para os problemas do Brasil (e para desmascarar certos direitistas um tanto “canhotos”), e por que tal fenômeno não encontra eco nos “distintos” segmentos da esquerda nacional atualmente.

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De um lado, observa-se discurso afinado, homogeneidade de idéias,  padronização do pensamento; do outro, pluralidade de idéias,  diversidade de opiniões relativas a um mesmo objeto, diferentes conceitos convivendo no mesmo espaço. É claro, pois, que dificilmente algum desentendimento (real) ocorrerá entre aqueles cuja liberdade de expressão é tolhida pelo politicamente correto; e é óbvio que debates acalorados serão frequentes entres aqueles cujas visões de mundo não irradiam a partir de líderes santificados em vida, mas são forjadas a partir do cruzamento de diferentes experiências, da intercessão de múltiplos conhecimentos práticos e teóricos, a partir dos quais busca-se encontrar a forma mais apropriada de equacionar conflitos do cotidiano e da vida em sociedade.

Ou seja, por mais que “diferentes” setores da esquerda divirjam no tocante aos métodos a serem empregados (da truculência trotskista à ocupação de espaços e hegemonia cultural gramscinianas), emulando a centenária disputa entre Bolcheviques e Mencheviques, eles seguem à risca uma cartilha de dogmas que jamais podem ser contestados por membros de seus grupos, sob pena de banimento – o que, por si só, elimina quase que por completo qualquer possibilidade de discordância interna. Um por todos e todos por transformar o mundo em uma Cuba de proporções planetárias.

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Senão vejamos: você já viu (ou ao menos consegue imaginar)  militantes de esquerda, seja de que vertente forem, posicionande-se contra cotas raciais em universidades? Defendendo um estado enxuto e focado em direitos negativos dos indivíduos – isto é, em garantir a propriedade privada e o cumprimento de contratos firmados voluntariamente? Advogando pela devida punição de criminosos a despeito de serem menores de dezoito anos? Fazendo qualquer coisa que não seja pedir mais e mais estado intervindo em cada aspecto de nossas vidas, enquanto combate o maior empecilho para tal meta totalitarista – o núcleo familiar?

Acho pouco provável. E aqueles que se aventuram em contestar os escritos sagrados desta seita (os quais, curiosamente, variam ao sabor do vento, conforme os interesses da “causa” estatizante, como o tratamento destinado aos homossexuais – outrora tidos como perpetradores de uma perversão da burguesia e hoje arregimentados na guerra contra a moral burguesa) acabam por serem condenados ao exílio ideológico, como o jornalista nova-iorquino  Chadwick Moore, marginalizado em seu meio profissional após assumir posições avessas àquelas professadas pela quase totalidade dos veículos de comunicação, alinhados por completo à agenda globalista.

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Do outro lado da arena política, a heterogeneidade de premissas não apenas é tolerada, mas constitui um valor em si. Vale invocar, aqui, as definições de visão irrestrita e restrita, segundo os ensinamentos de Thomas Sowell. A primeira admite a hipótese de pessoas supostamente iluminadas lograrem definir, do alto de suas sapiências, quais seriam os rumos ideais a serem seguidos pela humanidade. A segunda resigna-se em admitir que é no incessante embate de idéias que reside a verdadeira fonte de conhecimento, uma vez que este estaria disperso por toda a população, especialmente entre os cidadãos mais comuns.

Ora, posto que não se admite, segundo os pressupostos desta visão restrita, a qual caracteriza as correntes de direita, que autoproclamados intelectuais deliberem, de forma monopolista, sobre como solucionar todos os problemas de nossas vidas – prometendo o paraíso na terra e entregando 100 milhões de mortos como resultado -, torna-se absolutamente natural que divergências despontem aqui e acolá.

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É bom que os esquerdistas  (99% dos jornalistas entre eles) saibam, portanto,  que “coxinha”, diferente de “mortadela”, não é tudo igual. Desde os conservadores até os anarcocapitalistas, há um considerável feixe de distintos (de fato, e não apenas na roupagem) vieses, os quais, inevitavelmente, irão colidir vez por outra. Diversos temas dividem o espectro político right-wing, entre eles o aborto, os entorpecentes, o controle de fronteiras, os limites de atuação do estado, dentre outros.

Para os adeptos da visão irrestrita, tal conjuntura deve ser esquisita mesmo: onde já se viu não haver um guru guiando a todos em um mesmo sentido, ao melhor estilo Mao, Stalin, Hitler, Pol Pot, Castro, Chavez, Morales? Assim fica complicado evitar o choque de opiniões, certo? Que bom! É argumentando que se chega a resoluções importantes e se alcança o desejado consenso em temas polêmicos. Ou não: podem compor um mesmo cenário político posicionamentos conflitantes, ainda que a custa de eventuais pendengas, como a relatada com muito gosto pelo Estadão, ou até mesmo como o debate sadio travado entre este articulista e o economista Luiz Mauad recentemente.

Como dizia meu avô: o que é da pessoa não se tira. Posso discordar de quase tudo que anda escrevendo Reinaldo Azevedo, mas ele afrontou o PT quando Lula era um semideus, e o valor disso é inestimável; é possível discordar vez por outra de Joice Hasselman, mas o fato de ela ter demonstrado aos jornalistas de direita da imprensa tradicional que é possível fazer sucesso trabalhando de forma autônoma abriu uma vereda que pode ser seguida por muitos outros; nem sempre consigo corroborar com tudo que afirma Olavo de Carvalho, mas seu pioneirismo em desmascarar o Foro de São Paulo foi um grande favor prestado a nosso país; Rodrigo Constantino não é dono da verdade, mas alertou para a recessão que aí está quando o Brasil produzia “pibão” às custas de muito keynesianismo.

E todos eles já entraram em rota de colisão em algum momento, para o deleite de seus leitores, que puderam prestigiar a troca de argumentos – e até de alfinetadas – e aprender muito a partir dela. Aliás, a crescente audiência de pessoas interessadas no conservadorismo e no liberalismo (a alardeada por FHC “onda reacionária”) certamente contribui para que estes clashes ocorram: será que brigar sem platéia teria alguma graça? Com torcida é bem melhor, sem dúvida.

Aviso aos viúvos do PT assanhadinhos para ver o circo pegar fogo: não adianta soltar foguetes porque a “nova direita” estaria se pegando na porrada – e achar que isso vai enfraquecê-lá.  Ao contrário: é desse intenso debate interno que ela se retroalimenta e cresce (ao mesmo tempo em que separa alhos de bugalhos, Joices de Reinaldos, pseudoliberais de liberais), enquanto a esquerda prefere isolar-se em seus “safe spaces”, em suas bolhas onde é proibido pensar com a própria cabeça sem ser execrado, “protestando a favor” quando chega ao poder e se achando muito rebelde e dotado de senso crítico por xingar Trump e Bolsonaro ao comando de dog whistles.

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Reinaldo Azevedo, no episódio em questão, baixou, sim, o nível com Joice Hasselman. O tom belicoso e desrespeitoso foi totalmente desproporcional e desnecessário. Sua atitude xucra de rotular de xucro pessoas que simplesmente lhe apontavam incoerências revelou sua visão irrestrita de mundo, incapaz de conviver com o contraditório, dando margem, inclusive, para acusações de que estaríamos diante de um socialista fabiano ávido por proteger supostos cupinchas do PSDB. E como discordar diante de tantas evidências?

E talvez ela, por sua vez, tenha dado mais Ibope do que merecia seu interlocutor. Mas ainda assim é preferível ver o pau quebrando do que ouvir zumbis entoando mantras e repetindo  ladainhas em uníssono lá no outro lado.

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Temer nos “protege” de café bom e barato

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Deu no Antagonista hoje mais cedo:

“Michel Temer decidiu suspender a medida que autoriza a importação de café verde pelo Brasil. Ontem, como mostramos, parlamentares ‘invadiram’ o gabinete do secretário de Governo para cobrar justamente isso.

Parlamentares ‘invadem’ gabinete de Imbassahy

Deputados capixabas e mineiros ‘invadiram’ o gabinete de Antonio Imbassahy, secretário de Governo, para barrar a importação de café.

O Espírito Santo, por exemplo, é o segundo maior produtor de café. Os parlamentares do estado estão indignados com Blairo Maggi porque, na avaliação deles, o ministro da Agricultura “ignorou pareceres de estoques” ao autorizar importação de café do Vietnã.

Imbassahy prometeu recomendar a Michel Temer a suspensão do processo.”

Então vejamos: segundo consta, já haveria “café demais” em nosso país, e permitir a entrada de mais toneladas deste produto oriundo do exterior seria prejudicial ao Brasil, na medida em que causaria perdas aos produtores nacionais, os quais geram empregos e pagam impostos aos fiscos locais.

Será mesmo? Vejamos o que tem a dizer Ludwig Von Mises sobre a alegação de “regulação de estoques” aventada pelos empresários ávidos por protecionismo:

“No mercado de uma sociedade capitalista, o homem comum é o consumidor soberano, aquele que, ao comprar ou ao se abster de comprar, determina em última análise o que deve ser produzido e em que quantidade”.

Aplicando tal pressuposto ao caso concreto, temos que os “pareceres de estoques” deveriam ser elaborados, em verdade, por cada indivíduo que toma café. Caso, em algum momento, a oferta venha a superar a demanda, a concorrência na atividade econômica irá reduzir os preços, ampliar o leque de opções e elevar a qualidade, na competição pelos clientes. Diante de tal cenário, alguns fornecedores podem, sim, se retirar do setor, mas de forma voluntária, por julgarem não mais ser vantajoso, e não por força de lobbies e decretos.

A fatura desta reserva de mercado obtida pelos cafeicultores capixabas e mineiros será quitada, pois, por cada brasileiro que aprecia a bebida, notadamente em decorrência da quebra da safra provocada pela recente seca em regiões produtoras, que encareceu o café.

Não creio que seja do interesse do povo brasileiro arcar com desfalques sofridos por empresas acometidas por contingências inerentes ao risco de investir. Um empreendedor precavido lança mão de estratégias para cobrir eventuais revezes, como contratar apólices de seguro ou diversificar suas atividades. Correr para o gabinete dos burocratas requerendo barreiras ao livre mercado é atitude típica de quem só quer saber de embolsar lucros e “socializar” prejuízos – ainda mais quando se trata de um segmento da economia altamente subsidiado e agraciado com isenções tributárias. Assim até eu.

Se o Executivo quer socorrer um grupo de empresários brasileiros qualquer, ajude todos de uma vez então, cortando impostos, burocracia, regulações e taxa de juros – sem gerar uma bolha,  bom que se diga. Enfim, pare de atrapalhar.

Um empreendimento que transforma cem reais de insumos em cinquenta reais de faturamento está destruindo riqueza ao invés de criá-la, e deve, caso não logre reverter o quadro com meios próprios, ser incorporado por outras companhias mais hábeis no beneficiamento e distribução desta matéria-prima, para que então, aí sim, passe a ser gerado valor a partir daqueles bens de capital. Salvar empresários insolventes com recursos obtidos por meios de impostos, endividamento estatal ou impondo barreiras à importação equivale a usar parte do seu salário para manter um carro velho que já mal sai do lugar. Melhor é passar para frente logo.

Se o Vietnã ou qualquer outro fornecedor do mundo “ousar” agradar mais nossos paladares e bolsos, que seja: este é o princípio da divisão do trabalho aplicado ao comércio global, o qual elevou sobremaneira o padrão de vida da população mundial e permitiu que cada nação se especializasse em determinados nichos. Ou não: quem sabe com estrangeiros “fungando no cangote” os produtores brasucas não buscariam formas de cortar custos e melhorar as características do café que nos servem atualmente – e os vietnamitas ficariam a ver navios, sem nem mesmo despertarem preocupação de nosso empresariado.

De uma forma ou de outra, seríamos nós a ditar quantos e quais empreendedores deveriam servir nossa mesa matinal. Quando o governo intervém em meio a este processo, ele subverte toda sua natureza, provocando desordem nos agentes econômicos, cujos efeitos serão fortemente sentidos nos indicadores financeiros enquanto esta manipulação perdurar.

Alguém deve estar pensando, a esta altura, que os dividendos obtidos pelos asiáticos com as vendas no Brasil voltariam para aquele continente, e que isso seria, a priori, ruim. Acontece que se todos os países do mundo fossem pensar desta forma, os ingleses passariam a vida só comendo batatas com peixe, e os franceses apenas queijo com vinho. Cada um na sua, mas com algumas coisas em comum. Só não me pergunte como o maior produtor mundial desta commoditie agrícola consegue ser tão dependente de estímulos dos cofres públicos e de canetadas de políticos. Deve ser a força do hábito mesmo, da cultura paternalista.

Quanto aos postos de trabalho supostamente extintos na cadeia produtiva do café brasileiro, na eventualidade do produto estrangeiro cair nas graças dos consumidores, estes seriam facilmente compensados pelo aumento do poder de compra e da capacidade de poupança proporcionados pela diminuição da conta do supermercado. Se as pessoas gastam menos na compra do mês com o “pretinho básico”, podem comprar mais um litro de leite ou um quilo de arroz – fomentando, destarte, as indústrias de lacticínios e arrozeira. Ou até mesmo podem economizar a diferença- melhor ainda.

Bola foríssima de Temer, que, com essa medida, só fortaleceu o “capitalismo de estado” em vigor no Brasil e condenou-nos a continuar degustando apenas o refugo do café de boa qualidade que costuma ser exportado para mercados mais abertos – e, por conseguinte, mais exigentes.

Partiu tomar um “chafé”. É o que tem pra hoje – e assim será enquanto seguirmos tão fechados em nossos casulos em que meia dúzia de beneficiados adora viver.

Neste contexto, impossível não recordar da anedota de Bastiat: vamos proibir o sol de brilhar, devido sua concorrência desleal com os fabricantes de velas…

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Ser de Esquerda pode ser uma questão de deixar-se levar pela maré

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Se você não se interessa por política (em sentido amplo, significando a relação entre governantes e governados e os limites da atuação daqueles sobre estes, sem necessariamente mencionar partidos ou nomes de políticos em específico); se quando este assunto ganha uma roda de conversa, faz que vai pegar um café e nem volta; se acha que as vertentes ideológicas são todas equivalentes e não fazem jus, portanto, que você canalize esforço algum no sentido de tentar melhor compreendê-las; se considera infrutífero o debate entre esquerda e direita, e que o ideal seria “andar para frente”, tenho algumas notícias para você – pouco alvissareiras, diga-se.

Primeiramente, a mais grave: você, possivelmente, não deveria segurar um cartaz como esse da figura acima. O motivo: sem dar-se conta ou mesmo sentir qualquer arrepio, você é bombardeado diuturnamente  com conceitos de esquerda, seja na televisão, nos jornais, no cinema, na literatura de ficção ou ouvindo músicas – para não mencionar as aulas no colégio ou na faculdade. Caso tenha internalizado em sua consciência as premissas normalmente emitidas por estes veículos de comunicação, dificilmente suas opiniões, hoje, não façam de você um esquerdista.

Se duvida, faça um teste: existem diversos questionários na Internet que visam enquadrar suas convicções no espectro político. Nenhum deles é perfeito, mas permitem traçar um perfil básico do usuário no que tange a seus posicionamentos. Alguns, inclusive, comparam seu resultado com o de figuras históricas. Sugiro este aqui, e compartilho o resultado que obtive, a título de exemplo – situado entre o conservadorismo (comunitarismo) e o liberalismo, dividindo espaço com Ronald Reagan. Responda aos 36 questionamentos e depois confira a conceituação de cada quadrante (diferenciados por cores):

http://www.celebritytypes.com/pt/coordenadas-politicas/teste.php

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Fez o quiz e constatou que tenho razão? Você jurava ser “neutro” na política mas foi classificado entre o Obama e o Bill Clinton? É isso mesmo: sua omissão em buscar informações sobre as reais intenções e propostas efetivas de cada ideologia acabou servindo aos interesses da esquerda. E isso ocorre porque se você não procurar fontes alternativas de conhecimento, ficará exposto durante todo o tempo em que estiver acordado – e talvez até em seus sonhos – ao ideário  “progressista”, especialmente se possuir a Globonews ou a CNN em sua grade de canais¹.

“Puxa, mas eu odeio o PT e o Lula, como isso é possível”? Elementar: você continua acreditando em princípios tais quais “o governo deve regular a economia para reduzir a desigualdade”, tal qual aprendeu com a professora de História na 7º série, e apenas não vê mais estes ideais na estrela vermelha carimbada com o 13, nem tampouco gostou de saber que os autoproclamados combatentes da miséria estavam de braços dados com “o capital”. É bem provável, pois, que personagens como Ciro Gomes ou Marina Silva conquistem sua simpatia em um futuro próximo, pois as coordenadas políticas deles devem coincidir perfeitamente com a dos petistas.

Convenhamos que deve ser doído, após décadas de disseminação de cultura da esquerda em nosso país, ler afirmações, no teste, como “Reabilitar criminosos é mais importante que puni-los” e ter de discordar. Mais difícil ainda corroborar com a assertiva “De uma forma geral, o salário mínimo causa mais mal do que bem”. Pessoas bem intencionadas e desconectadas da política, no geral, concordam com a primeira sentença e discordam da segunda. Há uma significativa parcela de indivíduos que preferem arregaçar as mangas e trabalhar em vez de envolver-se em discussões políticas, em uma atitude absolutamente louvável e, no mais das vezes, necessária a sua subsistência, mas que os torna presas fáceis para manipuladores da opinião pública, dada sua incapacidade de refutar tais dogmas assistencialistas e vitimistas, e que os impelem, invariavelmente, a favorecer medidas populistas, e a apoiar aqueles políticos que dizem “dar voz às minorias” – seja lá o que isso signifique.

Atingir um nível de entendimento que permita pensar de forma diversa exige algum estudo paralelo, e os websites de produtores independentes desempenham um papel crucial nesta empreitada. Por outro lado, caso prefira manter-se entre aqueles que preferem ver no estado a solução para todos os problemas (inclusive aqueles criados pelo excesso de estado), daí fica tudo mais fácil: não precisa fazer rigorosamente nada.

Simplesmente deixe-se levar pela maré, pelos ventos que levam ao assistencialismo e ao paternalismo estatal. Apenas abra os olhos pela manhã e, antes mesmo de levantar da cama, já estará sendo trazido pela mão para o lado daqueles que acham que o desenvolvimento de alguma nação pode advir de ações do governo que não sejam sair do caminho dos investidores e gerar ordem na sociedade. Em suma: quer combater o establishment? Pesquise sobre os fundamentos do liberalismo e do conservadorismo. Quer manter o status quo?  Apenas respire e siga sua vida normalmente, lendo a Folha de São Paulo e assistindo ao programa da Fátima Bernardes. É a garantia de que nada vai mudar  (para melhor, ao menos) em sua vida.

Levando em conta, ainda, que o brasileiro é um povo bastante emotivo, e que as ideias de esquerda costumam ser absorvidas pela emoção, e não pela razão (daí aquele provérbio que reza que “quem não foi socialista na juventude não teve coração, e quem é socialista na idade adulta não tem cérebro”), fica ainda mais fácil ser captado pelo movimento coletivista caso você apenas submeta-se à sua propaganda, sem questioná-la com argumentos calcados na lógica.

A contrario senso, pare para refletir racionalmente por alguns minutos sobre temas que você considera incontroversos, como a importância dos sindicatos para os trabalhadores e a efetividade dos vários “direitos” do cidadão previstos na Constituição Federal, apoiado por materiais produzidos por aqueles que nadam contra a maré, e ficará surpreso com as novas conclusões a que irá chegar. Uma epifania definitiva o aguarda, tendo em vista que o caminho da esquerda para a direita (seja lá em que ponto deste trajeto você decidirá parar) é a regra; o contrário não costuma ser verificado. Talvez em casos de AVC.

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E ainda que você seja daqueles que preferem não imiscuir-se nesta pendenga entre esquerda e direta por ser, simplesmente, um defensor da liberdade, tanto melhor: a nomenclatura, de fato, não é relevante para o debate – até porque, mais de uma vez, termos usualmente associados a um lado passaram a caracterizar o outro, sendo a palavra “liberal” nos Estados Unidos o melhor exemplo. Foque no discurso, independente se quiserem chamar de Norte-Sul, em cima-embaixo, o que seja. Vejamos o exemplo da Nova Zelândia, onde um partido tradicionalmente de esquerda promoveu contenção de gastos, enxugamento do estado e desregulamentações sem precedentes na história daquele país, conduzindo a nação a um nível de desenvolvimento nunca dantes observado². E para que exemplo melhor do que o atual prefeito de São Paulo, filiado a um partido que professa a social-democracia, mas cuja atuação deixaria Margaret Thatcher orgulhosa?

Você quer ir para frente, e não marcar passo, indo para esquerda ou direita? Ótimo: comece este processo saindo da Matrix, tomando a pílula vermelha, como costuma dizer Paul Joseph Watson em seu Twitter. Apenas dê uma chance aos pressupostos sustentados por aqueles que defendem a liberdade e a preservação de marcos civilizatórios da humanidade (também alcunhados de “tabus”). Não precisa concordar com todos eles. Nem estas pessoas concordam todas entre si. Mas eu duvido que você continue vendo o mundo com os mesmos olhos. Ou seja, a boa notícia é que há cura para aquele seu desempenho lamentável no quiz, e custa pouco ou nada.

Quer viver uma nova experiência, sair da rotina, escapar do tédio, da mesmice? Muito bom: comece com as seis lições de Mises, e prepare-se para uma aventura intelectual. Boa leitura!

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¹ http://rodrigoconstantino.com/artigos/bill-oreilly-esfrega-na-cara-da-democrata-o-vies-esquerdista-da-grande-imprensa/

² http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2260

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Futebol de graça no celular? Não se “alguém” puder evitar!

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Relato dos fatos: tanto Coritiba quanto Atlético-PR não venderam o direito de transmissão de seus jogos no campeonato estadual de 2017 para a rede Globo (sucursal RPC), por discordância de valores; houve uma tentativa de negociação para televisionamento do clássico Atletiba deste domingo, 19/02, mas as tratativas foram frustradas novamente pela disparidade entre o pagamento pretendido pelos clubes e o oferecido pela emissora; Coxa e Furacão, então, resolveram transmitir o jogo a partir de seus canais no Youtube, sem custo para os torcedores, contratando, para tal, uma equipe jornalística para a narração e reportagens. Faltando poucos minutos para início da partida, havia quase 50.000 pessoas assistindo (de graça) e mais de 8.000 likes no link.

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Até aqui, parecia que as leis naturais do mercado estavam fazendo os agentes econômicos envolvidos desempenharem seus papéis: oferecerem bens aos consumidores a preços minorados e com qualidade crescente – ou algum torcedor do Paraná terá ficado chateado em poder ver o jogo sem pagar? A medida adotada segue na linha da Copa do Rei  (Espanha) e do campeonato mexicano  (quando transmitido para os EUA), cujas partidas são visualizadas pelo Facebook. Os times de Curitiba ainda sairíam ganhando com a audiência online, com o aumento do número de seguidores de suas mídias sociais, com o incremento de vendas de produtos decorrente da valorização das marcas, e por aí vai. Dar amostras grátis nunca é má idéia para atrair clientela.

Mas estava liberal demais para ser verdade – no Brasil. A iniciativa dos clubes já havia sido anunciada com mais de uma semana de antecedência. Até então, muito embora se tratasse de algo inovador, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) confirmou o jogo normalmente, muitos ingressos foram vendidos, as equipes entraram em campo no horário programado, o hino nacional foi entoado…e daí o árbitro da partida recebeu uma comunicação da FPF determinando que o apito inicial não fosse proferido enquanto as câmeras que transmitiam o evento não fossem desligadas! O motivo: os profissionais de imprensa contratados não estariam devidamente cadastrados. Vai gostar assim de formulários, regulação e burocracia lá em Brasília¹.

Segue-se, então, muita discussão, dedo na cara, “eu só cumpro ordens” pra cá, “isto é uma vergonha” pra lá, e após 40 minutos, o jogo é cancelado, com os jogadores dos dois times juntos no centro do gramado pedindo desculpas aos presentes e recebendo total apoio destes em retorno.

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A forma como se deu a arbitrária intromissão da entidade que administra o futebol no estado foi deveras inescrupulosa, pois sabedora de que estava tomando uma atitude ilegal – o regulamento do certame especifica, em rol exaustivo, em que situações um jogo pode ser suspenso, e nada há lá sobre direitos de transmissão -, deixou para intervir apenas instantes antes do pontapé inicial, e encobrindo suas reais intenções sob o manto de uma alegada  estapafúrdia irregularidade².

Malandro é malandro mesmo: apenas algumas horas seriam suficientes para que o departamento jurídico das agremiações obtivesse uma liminar na Justiça determinando a realização do jogo. Conversei com um juiz, aliás, e ele assegurou-me que seria causa ganha. Da maneira como procedeu, a FPF impediu o acesso ao Judiciário, demonstrando clara má-fé em seu agir.

Fizeram muito bem os clubes em não arredar pé, recusando-se a cancelar o broadcast pela Internet. Poderiam ter ido mais longe: assim que o trio de arbitragem se retirou, seria legítimo, amparado nas regras do esporte e em comum acordo entre as partes, nomear uma pessoa neutra ao evento para apitar o jogo – tal previsão legal existe para o caso dos juízes principal e reserva se lesionarem.

Mas tanto melhor: a compensação por todo o prejuízo sofrido por Coritiba, Atlético-PR, torcedores e demais atingidos deverá ser pleiteada e obtida judicialmente, até para que absurdos como este não se repitam. O respeito aos contratos firmados e às regras acordadas é fundamento essencial para que empreendedores invistam com razoável segurança, e este foi um péssimo sinal para aqueles que geram valor e empregos – mas nada que não possa ser sanado com uma gorda indenização.

Este imbróglio rememorou-me de um artigo publicado pelo Instituto Liberal esta semana, no qual o autor, Luiz Maud, revela sentir “vergonha alheia” de empresários que pedem proteção ao Estado contra a concorrência. Aparentemente, todavia, não é só junto ao governo que se pode requerer uma reserva de mercado: a FPF parece estar aceitando solicitações do gênero também. Pode ser que não tenha havido pre$$ão do atual monopolista do pay-per-view, mas os contornos dolosos que revestem o episódio tornam difícil acreditar que não houve conluio nos bastidores.

Menos mal que a referida federação, ao contrário, por exemplo, de sindicatos e entidades de classe, precisa da aprovação de seus afiliados para continuar existindo. Não há o que impeça, pois, que outra federação seja criada e que todos os clubes para ela migrem, fadando a primeira ao ostracismo e a extinção. É claro que como os clubes no Brasil não são empresas  (não estando, portanto, sujeitos à Lei de Falências nem expostos diretamente aos mecanismos de estímulo do livre mercado – lucro e prejuízo para seus administradores e acionistas), é possível que o pioneirismo dos clubes de Curitiba não reverbere país afora como deveria. É bem mais cômodo seguir falando mal de CBF e afins sem mover uma palha para desalojá-las do poder.

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A existência de instituições como a FPF e similares justifica-se para que o esporte profissional não se equipare à várzea, mas elas não são mais importantes do que as associações desportivas que fazem o espetáculo acontecer: os clubes. Da mesma forma que entendemos, por analogia, que algum governo é necessário, do contrário não há ordem e as pessoas não conseguem produzir e viver, mas o Estado não pode ser maior do que aquela que o sustenta com a riqueza que cria: a iniciativa privada.

Seria de bom tom, pois, que federações e governantes parassem de querer aparecer mais do que a bola e os empresários, e se recolhessem a suas funções estritamente delimitadas por aqueles que apenas os toleram como males necessários. Os holofotes não devem iluminar ilustres desconhecidos engravatados, e sim as estrelas maiores desses campos: atletas e empreendedores. Do contrário, quem paga a conta da luz pode perfeitamente desligar o interruptor.

O peitaço da dupla Atletiba contra a FPF é fato sem precedentes em nossa história, digno de elogios e de ser copiado, não apenas dentro das quatro linhas, mas especialmente na política. Espero que Coxa e Furacão não recuem, pois sua briga, agora, a todos interessa.

Da próxima vez que você for explicar para alguém o que é o Globalismo – perda das soberanias nacionais, entidades supranacionais decidindo em nome de representantes eleitos, intromissão de terceiros em relações comerciais bilaterais -, use o ocorrido na Arena da Baixada como exemplo: uma relação voluntária entre clubes, empresas de comunicação e torcedores estava desenrolando-se sadiamente, até que burocratas “sem rosto”, falando, supostamente, em nome dos afiliados, interfere diretamente na negociação, causando danos a todos (menos a si própria e a quem detém atualmente a prerrogativa de transmitir este esporte no estado). George Soros ficaria orgulhoso – e preocupado também, diante do Brexit dos times paranaenses.

¹   http://espn.uol.com.br/video/672610_gian-oddi-diz-que-torcedor-paranaense-foi-feito-de-palhaco-argumentacoes-da-federacao-sao-pateticas

² http://espn.uol.com.br/noticia/672684_relator-da-lei-pele-diz-que-federacao-paranaense-nao-cumpre-lei-lambanca-arrogancia

Editado: E começam a cair máscaras por aí…

http://www.bandab.com.br/esportes/em-video-quarto-arbitro-afirma-que-ordem-para-impedir-inicio-do-atletiba-veio-do-presidente-da-fpf/

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Como evitar que pesquisas escolares virem armadilhas marxistas para nossos filhos

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Foi-se o tempo em que elaborar trabalhos escolares demandava ir até a biblioteca pública, folhear diversos livros até encontrar o que a professora pedira, tirar cópias ou transcrever manualmente para o caderno e voltar para casa de busão. Uma tarde inteira era dispendida na tarefa que, hoje, exige apenas alguns cliques através de um buscador de sites da Internet. A grande rede mundial de computadores, neste contexto, representa um progresso inconteste na busca pelo conhecimento, especialmente na fase em que os alunos são (em tese) verdadeiras esponjas para novas informações. E até mesmo por isso é preciso ficar alerta com os resultados retornados pelo Google para pesquisas comumente realizadas por estudantes, sobretudo, de Geografia e História.

Digamos que um professor da 1º série do nível médio resolva, inocentemente (ou quase), encomendar a seus pupilos uma pesquisa sobre o Capitalismo. A primeira relação de páginas encontradas – ou seja, as que são mais frequentemente acessadas – já dá uma pista do que nos espera. Vejamos o que alguns sites voltados ao ensino, com temática educativa, têm a elucidar sobre o tema:

http://www.infoescola.com/historia/capitalismo/

(…)

Capitalismo é o sistema sócio-econômico em que os meios de produção (terras, fábricas, máquinas, edifícios) e o capital (dinheiro) são propriedade privada, ou seja, tem um dono.

Os proprietários dos meios de produção (burgueses ou capitalistas) são a minoria da população e os não-proprietários (proletários ou trabalhadores – maioria) vivem dos salários pagos em troca de sua força de trabalho.

Características do Capitalismo:

Toda mercadoria é destinada para a venda e não para o uso pessoal

O trabalhador recebe um salário em troca do seu trabalho

Toda negociação é feita com dinheiro

O capitalista pode admitir ou demitir trabalhadores, já que é dono de tudo (o capital e a propriedade)

(…)

http://www.suapesquisa.com/capitalismo/

(…)

No século XVIII, a Europa passa por uma mudança significativa no que se refere ao sistema de produção. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema capitalista e solidifica suas raízes na Europa e em outras regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou o sistema de produção, pois colocou a máquina para fazer o trabalho que antes era realizado pelos artesãos. O dono da fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua margem de lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Se por um lado esta mudança trouxe benefícios ( queda no preço das mercadorias), por outro a população perdeu muito. O desemprego, baixos salários, péssimas condições de trabalho, poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas foram problemas enfrentados pelos trabalhadores deste período.

O lucro ficava com o empresário que pagava um salário baixo pela mão-de-obra dos operários. As indústrias, utilizando máquinas a vapor, espalharam-se rapidamente pelos quatro cantos da Europa. O capitalismo ganhava um novo formato.  

Muitos países europeus, no século XIX, começaram a incluir a Ásia e a África dentro deste sistema. Estes dois continentes foram explorados pelos europeus, dentro de um contexto conhecido como neocolonialismo. As populações destes continentes, foram dominadas a força e tiveram suas matérias-primas e riquezas exploradas pelos europeus. Eram também forçados a trabalharem em jazidas de minérios e a consumirem os produtos industrializados das fábricas europeias.

http://escolakids.uol.com.br/capitalismo.htm

(…)

O capitalismo é o sistema socioeconômico em que os meios de produção e as mercadorias são predominantemente de propriedade privada. Seu objetivo principal é a máxima obtenção de lucro e acúmulo de riquezas.

Geralmente, as pessoas dividem o capitalismo entre burgueses, que são os proprietários desses meios produtivos (os patrões), e os proletários, que são os trabalhadores da cidade e do campo que vivem à custa de seus salários. Há também, nesse caso, aquelas pessoas que vivem à margem do capitalismo, isto é, não se encaixam nem como burgueses e nem como trabalhadores, como os pedintes, desempregados, miseráveis e outros, assim chamados de “lúmpen proletários”.

(…)

http://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-capitalismo.htm

(…)

O Capitalismo é um sistema em que predomina a propriedade privada e a busca constante pelo lucro e pela acumulação de capital, que se manifesta na forma de bens e dinheiro. Apesar de ser considerado um sistema econômico, o capitalismo estende-se aos campos políticos, sociais, culturais, éticos e muitos outros, compondo quase que a totalidade do espaço geográfico.

A base para formação, consolidação e continuidade do sistema capitalista é a divisão da sociedade em classes. De um lado, encontram-se aqueles que são os proprietários dos meios de produção, a burguesia; de outro, encontram-se aqueles que vivem de sua força de trabalho, através do recebimento de salários: os proletários. No caso do meio agrário, essa relação também se faz presente, pois os donos das terras, geralmente latifundiários, ganham lucros sobre os trabalhos dos camponeses.

Com a era da Globalização, o sistema capitalista tornou-se predominante em praticamente todo o mundo. Porém, as suas fases e etapas de desenvolvimento não ocorrem de forma igualitária na totalidade do espaço mundial, isso porque a sua lógica de produção e reprodução é puramente desigual.

(…)

Voltei…após esta overdose de textos vermelhos! Imaginem, a esta altura, a quantas anda a cabeça do aluno que resolveu fazer seu trabalho de Sociologia, naquela terça à tarde chuvosa, após tanto esquerdismo na veia: deve estar com vontade de matar seu pai capitalista opressor a uma hora dessas. Há dez minutos, antes de abrir o navegador, ele ainda achava legítimo estudar, preparar-se para o futuro, almejando conseguir um bom emprego e evoluir como ser humano. Agora, com a retina ainda colorada pela leitura “instrutiva”, já deve estar encomendando a camisa do Che no Mercado Livre – não confundir com livre mercado, este gerador de desigualdade maldito. Tudo bem que ele vai pagar com a mesada obtida junto aos exploradores, mas é por uma boa causa.

Por falar em “el porco”, vejamos, agora, o que dizem os mesmos portais pedagógicos sobre o Socialismo:

http://www.infoescola.com/politica/socialismo-marxista-cientifico/

(…)

O cenário de nascimento do socialismo utópico, a França do início do século XIX, abundavam as crises provocadas pelo avanço do sistema liberal, que produzia miséria em série, proporcionando precárias condições de vida aos cidadãos que então chegavam recentemente do meio rural. A jornada de trabalho absurda e o uso de mão de obra infantil completavam o cenário de horror que a Revolução Industrial criou inadvertidamente.

Nesse ambiente onde as promessas da Revolução Francesa acabaram de certo modo por não se concretizar, onde a única liberdade existente era a de mercado, com o capitalista tendo passe livre para realizar a exploração do trabalhador comum. De tal decepção e frente à uma realidade desesperadora, surgem os questionamentos por parte dos intelectuais. De uma dessas correntes de questionamentos temos a origem do socialismo utópico.

(…)

http://www.suapesquisa.com/geografia/socialismo/

(…)

Características do socialismo:

Diferentemente do que ocorre no capitalismo, onde as desigualdades sociais são imensas, o socialismo é um modo de organização social no qual existe uma distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, com a finalidade de proporcionar a todos um modo de vida mais justo.  

Sabe-se que as desigualdades sociais já faziam com que os filósofos pensassem num meio de vida onde as pessoas tivessem situações de igualdade, tanto em seus direitos como em seus deveres.

(…)

http://escolakids.uol.com.br/comunismo.htm

(…)

Essa transformação seria, segundo os comunistas, realizada por um agente histórico especial: o proletariado, isto é, a massa de trabalhadores, que, ainda segundo os comunistas, deveriam tomar consciência de classe e perceber sua condição de explorado. Ao perceber isso, o proletário estaria pronto para expropriar (retirar a posse) a propriedade privada e os meios de produção (maquinários industriais e tudo aquilo que transforma a matéria-prima em produto) da denominada classe dominante.

(…)

http://brasilescola.uol.com.br/geografia/as-caracteristicas-socialismo.htm

(…)

No mundo, existem dois tipos de sistema político-econômico: o capitalismo e o socialismo. O sistema capitalista vigora desde o século XVIII. No entanto, no século XIX, o capitalismo não estava agradando aos trabalhadores europeus, em razão da condição de exploração em que viviam. Tal fato fez surgir no continente um sentimento de mudança.

A classe proletária pôde enxergar uma solução no socialismo, que figurava como um acervo de ideias que tinha como objetivo a implantação de um modelo de sociedade mais justa, para extinguir a sociedade de classes, na qual os capitalistas exploram os trabalhadores.

(…)

Alguém nutria alguma esperança de que seria diferente? Nem eu. Perceba que, contando com este “material de apoio” disponibilizado por websites camaradas, o professor sequer precisa fazer esforço algum para doutrinar seus estudantes contra o capital. Basta ele não contestar aquilo que o aluno irá apresentar aos demais em sala de aula, e está feito o estrago – tudo em nome do social. Ele nem mesmo precisa preocupar-se em direcionar a pesquisa para links avermelhados específicos, pois a tônica é a mesma em todos os demais sites “educativos”.

Mas convenhamos que, levando em consideração o teor das provas do Enem e dos vestibulares, não poderia deixar de ser assim, sob o risco de estes estudantes amargarem resultados vexatórios nos exames. Coxinha não tem vez em instituições públicas de ensino superior – e nem mesmo na maioria das particulares.

E por falar nos fascistas, caso algum deles queira formar uma opinião mais progressista sobre diversos assuntos, é só recorrer aos tais sites de apologia ao estado e ao politicamente correto,  digitar na linha de busca e clicar <enter>:

(…) As cotas raciais são um modelo de ação afirmativa implantado em alguns países para amenizar desigualdades sociais, econômicas e educacionais entre raças. (…)

(…) No ano de 1955, Ernesto Guevara decidiu enfrentar as desigualdades políticas que assolavam a América Latina se envolvendo com grupos armados – também conhecidos como guerrilhas – que buscavam depor governos que fossem autoritários e que não se preocupavam com as desigualdades sociais. No ano de 1959 alcançou seu maior êxito ao conseguir derrubar o governo de Fulgêncio Batista, que na época presidia Cuba, um dos países mais miseráveis de toda América Central. (…)

(…) Após o estabelecimento de um armistício na região, Israel ocupou novas áreas pertencentes aos palestinos, que ficaram então sem território, pois suas áreas foram novamente divididas. Os judeus ficaram com a Galileia e outras áreas, ao passo em que a Jordânia incorporou a Cisjordânia e o Egito dominou a Faixa de Gaza. Esses acontecimentos tornaram mundialmente conhecida a questão palestina: o caso de uma nação que ficou sem o seu território. (…)

(…) A Igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: a nobreza feudal tinha interesse na conquista de novas terras; cidades mercantilistas como Veneza e Gênova deslumbravam com a possibilidade de ampliar seus negócios até o Oriente e todos estavam interessados nas especiarias orientais, pelo seu alto valor, como: pimenta-do-reino, cravo, noz-moscada, canela e outros. Movidas pela fé e pela ambição, entre os séculos XI e XIII, partiram para o Oriente oito Cruzadas. (…)

Pronto: com um material assim tão farto, só continua reaça quem quer, correto?

Implantar na grade curricular disciplinas que ajudariam na vida adulta dos estudantes, como educação financeira e noções básicas de Direito, é uma medida que costuma ser sugerida por pessoas bem intencionadas, mas que não imaginam que absolutamente qualquer matéria pode ser esquerdizada tal qual os conteúdos acima elencados. Daí até começar a lecionar as lições do “mestre” Barroso, alternando com os ensinamentos de John Maynard Keynes, é um pulo. Melhor não, né?

Aliás, reformas de qualquer natureza nos ensinos médios e fundamental surtirão pouco ou nenhum efeito enquanto o material didático das escolas – e até mesmo dos websites que servem de fonte para consulta – seguir enviesado à esquerda de forma tão notória. Neste contexto, perceba que até mesmo pais que pretendessem adotar o homeschooling (educar as crianças em casa, possibilidade proibida no Brasil) ficariam reféns destas páginas virtuais, sendo necessário, no caso, encomendar livros específicos voltados ao conservadorismo ou ao liberalismo. Aliás, aproveitando o ensejo: isto existe?

A adolescência é um período crucial na formação do caráter do indivíduo, e definirá boa parte de seus conceitos a respeito do mundo. Saindo da formatura “batizado” com uma carga tão alta de marxismo, pouco poderemos fazer por esta pessoa a partir dali – para a alegria de PT, PSOL, da UNE, das ONGs, dos Sindicatos, MST e MTST. E de “refugiados” islâmicos. E de feministas. Poxa, até que bastante gente fica contente.

Se até tempos recentes o jornalismo ainda era monopólio da esquerda, este paradigma foi rompido por produtores independentes, distribuídos entre blogueiros, youtubers, twitteiros e afins – para desespero da mídia tradicional, cujos principais veículos estão minguando por falta de audiência e cujo último suspiro é a pataquada da “pós-verdade” ou fakenews (que pode ser traduzida como “queremos nossa reserva de mercado de volta já!”). Ora, se a Internet fez às vezes de “Uber” do setor de Comunicação, não é possível que não haja tantas outras pessoas de direita dispostas a se engajar na elaboração de material didático sem o carimbo da foice e do martelo.

Observação importante: se você leu os trechos em vermelho e não viu nada demais no que pode estar entrando na cabeça do seu filho neste exato momento, cuidado, pois você mesmo deve ter sido vitimado por este mal disseminado pelo inFOICEscola.com e por outras ciladas do gênero. Neste caso, relaxe, ligue 190 e aguarde a polícia chegar – e quando ela parar em frente a sua casa, nem pense em gritar “não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar”, hein? Comporte-se, comuna!

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“Por Trás da Máscara” estava a ânsia do brasileiro em clamar por mais Estado

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O gigante acordou! Este foi o “sentimento difuso no ar” durante aquelas manifestações que marcaram junho de 2013. Mas o único colosso que nosso povo quase logrou, de fato, despertar, clamando em uníssimo pelas mais variadas causas abstratas (diferentemente dos protestos pró-impeachment, orientados a um fim específico), sem um foco objetivo e deixando-se manipular por partidecos de extrema-esquerda, foi o totalitarismo. Eis a lição que ensina Flávio Morgenstern nas 572 páginas de Por Trás da Máscara (editora Record), e que nos leva a concluir que os riscos que corremos por conta de nossa mentalidade assistencialista vão muito além de apenas pagar altos impostos e receber péssimos serviços públicos em retorno – como já havia antecipado Hayek em O Caminho da Servidão: jogamos com nossa própria liberdade ao depositar em políticos (sejam eles quem forem) as esperanças de dias melhores.

O movimento de massa que se formou “espontaneamente” (pero no mucho) naquele episódio desencadeado a partir do aumento de vinte centavos na passagem de ônibus em São Paulo tomou proporções e características tais que poderia ter redundado, houvesse sido devidamente capitalizado por eventuais autoproclamados salvadores da pátria, na substituição do governo democrático (ainda que incompetente e corrupto) por uma tirania absolutista – provavelmente alguma versão à brasileira do bolivarianismo chavista.

Vale a pena e recomendo, pois, revisitar passo a passo este episódio histórico, desta feita narrado por um ângulo diverso daquele adotado pela mídia tradicional (que só pôs mais lenha na fogueira, a propósito), mas o que é possível adiantar é que o aspecto que mais chama a atenção no enredo detalhado pelo autor é a facilidade com que o brasileiro médio pode ser levado a crer que reivindicar, junto aos governantes, por “mais Educação, mais Saúde, mais isso, mais aquilo” possa ser o melhor caminho para atingir tais aspirações – quando, na verdade, é tudo o que esses (e seus comparsas de capitalismo de compadrio, incluindo os próprios proprietários de empresas de transporte urbano¹) querem ouvir.

E o que seria capaz de induzir nossa população a depositar, de tal forma, todas as suas fichas justamente na máquina administrativa da qual vive reclamando? Aspectos culturais? Mentalidade anticapitalista pregada em nossas escolas? O fato de que o liberalismo econômico jamais deu as caras em terra Brasilis, sendo, portanto, um ilustre desconhecido?

 Há uma extensa gama de fatores responsáveis por essa dificuldade crônica generalizada em entender que requerer “mais direitos” implica em entregar parcelas ainda maiores do que é produzido pelos agentes econômicos aos cofres estatais, e que, a contrario senso, defender a abertura de mercados regulados e programas de privatização significa manter uma fatia maior de nossa renda em nossos próprios bolsos, mas nenhum, por certo, é mais relevante do que o simples fato de que o brasileiro não acredita que, algum dia, ainda que até mesmo o Palácio do Planalto seja transferido para a iniciativa privada, os tributos possam ser reduzidos substancialmente – ou simplesmente reduzidos. E como discordar dele?

Vejamos o caso da concessão de rodovias à empresas privadas. Uma vez que o Estado se desincumbe da manutenção dos trecho concedidos, seria de se esperar uma correspondente diminuição das taxas cobradas dos cidadãos daquele ente federado ou da União, tendo em vista que somente os usuários das estradas passam a arcar com tais custos. Todavia, tal fenômeno jamais é observado. Pelo contrário: a evolução da carga tributária nacional no tempo em relação ao PIB é notável², a despeito da realização de operações de desestatização como a citada.

E assim o é porque os governos das três esferas, tão logo percebem o alívio no caixa proporcionado pela diminuição de despesas, encarregam-se imediatamente de inventar novas formas de empenhar este superávit, sem sequer considerar a hipótese de aliviar o bolso do “contribuinte”, permitindo que mais dinheiro circule entre aqueles que o empregam de forma mais eficiente, por contarem com os mecanismos de estímulo do mercado (lucro e prejuízo).

E assim configura-se a sinuca de bico onde reside o brasileiro: sem condições financeiras de contratar serviços privados como Educação e Saúde justamente por ser extorquido de boa parte de seu salário e por pagar impostos escorchantes embutidos no consumo, nem tampouco lhe sendo possível sustentar ao menos uma nesga de expectativa de que seremos menos sugados pelos detentores do monopólio da força no futuro – ainda que o Estado venha a ser enxugado –, ele passa a suplicar, então, que tais recursos dos quais foi espoliado sejam utilizados para garantir-lhe aquilo que ele não pode adquirir por conta própria por causa do custo do aparato do Estado (o que jamais ocorrerá, pois boa parte desta verba se perde pelos corredores da burocracia).

Ou seja, uma vez tolhido dos meios para tornar-se independente do governo, o cidadão solicita ainda mais governo, em um ciclo perverso que consiste em passar um cheque em branco para os tecnocratas interessados em “promover o bem estar social” – ao mesmo tempo em que asseguram suas reeleições e forram suas contas na Suíça com a riqueza gerada pelo suor desta gente entrincheirada entre o inacessível serviço privado e o lastimável serviço público.

Trocando em miúdos: é possível, sim, com muita perseverança dos think tanks nacionais, convencer o brasileiro de que o livre mercado seria capaz de oferecer-lhe serviços melhores e mais baratos do que o governo, na maioria dos setores produtivos, tão logo aquele deixasse de concorrer com empresas estatais pelo mesmo nicho (tal competição, atualmente, transmite a falsa sensação de que somente ricos seriam beneficiados em um hipotético arranjo sem o governo provendo os mesmos serviços, mas tal se dá somente porque esses investidores precisam direcionar seus negócios para classes mais abastadas, visto que aqueles menos favorecidos sempre irão preferir o serviço “grátis” fornecido pela administração pública, independente de sua qualidade).

Entretanto, se a sanha arrecadatória do Estado não cessa, e continua, assim, impingindo-lhe uma situação financeira deplorável, não há como o brasileiro fazer esta opção pelo privado, pois ele estará “acorrentado” pelos cobradores de impostos ao setor púbico.

Um dia destes, o Instituto Mises Brasil publicou um ótimo artigo³ propondo o fim da participação do Estado na Educação. Segundo o autor, o governo poderia reduzir, como consequência desta política, em torno de 25% dos tributos cobrados, possibilitando que as pessoas, destarte, pudessem matricular seus filhos nas escolas particulares que seriam erigidas em atendimento à demanda gerada nesta conjuntura – leia-se: mirando em todos os tipos de bolsos e gostos. Mas o primeiro leitor a comentar questionou, de imediato, se esta medida impopular para com os apaniguados do poder seria factível – e a resposta que recebeu não foi das mais animadoras:

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Ledo engano: há, sim, um terrível obstáculo para a redução dos impostos no cenário proposto, onde o Estado não mais financiaria a Educação, sem qualquer forma de subvenção, e que se faria sentir facilmente em qualquer outra forma de privatização aventada, e ele se chama establishment político. Como já supramencionado, existe uma espécie de buraco negro nos bastidores da política, que precisa ser alimentado continuamente com dinheiro extraído daqueles que geram valor em nossa sociedade, quer haja fundamento para tal, quer não.

Vale dizer: se não mais houver a justificativa de proporcionar Educação para tributar a população, novos “fatos geradores” serão instituídos imediatamente em substituição aos que forem extintos, e quem sabe até o oxigênio que respiramos seja taxado – mantendo no mesmo patamar a mordida do leão (no melhor das hipóteses). Este leão faminto não vai aceitar um regime forçado repentino, um jejum prolongado de baixa$ caloria$. Não subitaneamente, de domingo para segunda, ao menos.

Esbarramos, ainda, em outra adversidade oriunda de tantas décadas de crescimento desordenado da máquina pública: como proceder à transição para um modelo voltado ao livre mercado de forma menos traumática, sem provocar caos e informações desencontradas? O próprio autor do artigo supracitado toca no imbróglio, sem contribuir muito para sua resolução:

imb-educacao-ii

O que “quebra as pernas” é exatamente este “se de alguma forma conseguirmos chegar à fase dois”, pois não se trata de um mero detalhe, mas sim de um fator que possui o condão de definir se nossas vidas, uma vez iniciado este ciclo de transformações, melhorariam ou virariam um inferno de uma vez por todas. Arrancar uma árvore com raízes profundas é sempre sinônimo de abrir um enorme buraco e causar transtorno, e apenas afirmar “aguentem que vai melhorar” não parece ser uma providência das mais eficazes.

Apenas um único efeito colateral, citado pelo articulista do IMB, seria capaz de lançar por terra todo o seu projeto: a mencionada “choradeira” dos professores demitidos do dia para a noite causaria forte comoção, reportagens sobre a penúria a que seriam submetidos repentinamente seus familiares seriam veiculadas, histórias de pessoas que somente subiram na vida porque o professor fulano lhes ensinou a ler seriam contadas em tom emotivo, as redes sociais ferveriam e, no dia, seguinte, tudo seria revogado. Sim, bem vindo ao mundo real.

Não é suficiente, portanto, informar que estamos rodando na estrada errada, nem tampouco apontar a rodovia correta a ser seguida. É necessário sugerir formas de mudar de uma para a outra sem precisar atravessar o canteiro e destruir o carro. Tal como já fez, aliás, o próprio IMB, quando elaborou uma proposta para uma reforma definitiva da Previdência, por meio da qual a passagem do atual modelo de esquema Ponzi (pirâmide) para fundos individuais seria gradual, sem solavancos e não exigiria sacrifício de ninguém.

E é por aí mesmo: ou o liberalismo econômico faz um pouso suave em nossas terras dominadas e devastadas há tanto tempo pelo ideário socialista, ou será deportado sem sequer taxiar na pista. Em caso de aterrisagem brusca, os primeiros sinais de instabilidade, típicos do novo contexto e herdados, em verdade, do paradigma estatizante, serão suficientes para que oportunistas culpem o “neoliberalismo” por situações atribuladas eventualmente provocadas pela mudança de padrões.

À vista disso, estágios intermediários entre o estatismo/intervencionismo e o livre mercado precisam ser percorridos, sob pena de voltarmos ao marco zero. No exemplo da Educação, certamente o sistema de vouchers (quando o Estado subsidia a Educação, em escolas particulares, dos filhos daqueles que não possuem condições de pagar as mensalidades) seria a “ponte” ideal para livrar os estudantes da doutrinação marxista e do medonho socioconstrutivismo do comuna Paulo Freire. Na área da Saúde, iniciativas afins também seriam necessárias para dirimir o caos de nossos hospitais sem pôr o carro na frente dos bois e comprometer o processo de purgação de nossa economia – diferente, por certo, de setores como correios e prospecção e refinamento de petróleo, os quais poderiam, tranquilamente, serem transferidos para empreendedores privados de imediato (com o desligamento dos empregados sendo efetivado por meio de programas de demissão voluntária).

Proceder a transformações do gênero “a fórceps” é uma prerrogativa de governantes dotados de poderes excepcionais, como Pinochet (que promoveu a reforma da Previdência, da Educação e abriu o Chile para o comércio exterior, guiado pelos Chicago Boys da Escola de Milton Friedman, enquanto fuzilava mais de 40.000 pessoas) ou Lee Kuan Yew, o homem responsável pelo que Cingapura tem de melhor (liberdade econômica, baixíssimo desemprego e alta renda per capita) e de pior (restrições à liberdade religiosa e de expressão). Alguém aí com pressa de livrar-se da mentalidade estatizante quer sugerir um ditador brazuca para chamar de seu? Nem eu.

Friedrich Hayek foi criticado ferozmente por Ayn Rand por fazer concessões à esquerda em seu Road to Serfdom, e este, por sua vez, censurou diversas ações tomadas por Margareth Thatcher à frente da Inglaterra por não ter sido ela mais incisiva na implantação do pensamento austríaco. A dama de ferro, ainda assim, livrou o Reino Unido do Estado paternalista e centralizador, enfrentando sindicatos poderosos e impedindo que seu país sucumbisse ao Socialismo, com o qual vinha flertando à época. Eis o legado daquela considerada radical pela esquerda e “pouco liberal” por seus correligionários, cujos efeitos benéficos perduram até hoje na Grã-Bretanha.

Melhor, portanto, ir devagar nas pedras para não afundar. Revoluções, desobediência civil e demais soluções açodadas não apenas podem nos fazer dar com os burros n’água, como conduzir-nos a períodos ainda mais sombrios.  Cuidado, portanto, com manifestações como a programada para 26/03/2017: em vez de marchar pedindo de tudo um pouco para o governo, que tal pedir menos governo, menos impostos, menos regulações, mais Estado focado em suas atividades-fim? Empresa nenhuma sobrevive hoje se não terceirizar tarefas não relacionadas diretamente com sua produção, e não será diferente com a administração pública. Como asseverou John Locke em seu Segundo Tratado Sobre o Governo: “o maior e principal objetivo dos homens se reunirem em comunidades, aceitando um governo comum, é a preservação da propriedade”.

¹https://bordinburke.wordpress.com/2017/02/07/revoltados-com-o-aumento-da-tarifa-de-onibus-pecam-mais-livre-mercado-kct/

² https://www.institutoliberal.org.br/blog/uma-breve-historia-tributaria-brasil/

³ http://mises.org.br/Article.aspx?id=2628

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Mayara, do ‘BBB 17’, revela: ‘Quero ser dona de casa e ter um provedor’. Já ouço ranger de dentes!

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Despertar a ira de movimentos coletivistas autoritários, como feministas e afins, não costuma ser tarefa complexa. Afinal, eles nutrem-se de polêmicas mesmo, de protestar pelo direito de protestar. Não espernear, fazer balbúrdia e lacrar nas redes sociais, para tais ajuntamentos, equivale a deixar de respirar.

Todavia, há determinadas assertivas que têm o condão de despertar o Incrível Hulk latente nestas “minorias”, verdadeiras blasfêmias que deveriam, a seu distorcido ver, serem apenadas com a cassação do direito de abrir a boca: declarar-se contra cotas raciais na porta do DCE; responder para a professora de “ideologia de gênero” que características biológicas devem ser levadas em conta na definição do sexo do indivíduo, sim; gritar na frente da sede do sindicato que salário mínimo gera desemprego; e demais descalabros inaceitáveis do ponto de vista daqueles que almejam a igualdade para todos (até mesmo para os desiguais, e ainda que nivelando todos na miséria), e só vão sossegar quando todos entoarmos os mesmos mantras em uníssono – em nome da diversidade, dizem.

E qual seria o estopim capaz de eclodir uma avalanche de críticas daquelas que vêem os homens como seus inimigos e sentem ojeriza pela sociedade ocidental patriarcal judaico-cristã machista? Exato: a imagem de uma dona de casa cuidando do filho e esperando o marido com o jantar pronto. Muito pior ainda se tal retrocesso à era mesozóica for professado por uma traidora da causa, como resolveu fazer a mais nova candidata a sub-celebridade ejetada do Big Brother Brasil. Quem mandou não seguir a cartilha politicamente correta, companheira? Agora aguente os comentários indignadXs. Menos mal que, aparentemente, a nova contracultura  (ou seja, o conservadorismo) também deu as caras na discussão:

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Mal sabia a ex-confinada de reality show que proferir frases tais como “gosto do macho alfa, aquele que resolve tudo para mim” ou “quero ser dona de casa, criar uns quatro filhos e ter um provedor” são simplesmente imperdoáveis do ponto de vista das queimadoras contumazes de sutiãs. Elas consideram a liberdade de escolher o próprio destino uma prerrogativa fundamental, sim – até virar a esquina. “Minha vida, minhas regras” não soa bem aos ouvidos mais interessados em usar as mulheres como vetores desta empreitada que visa tão somente abalar os alicerces do núcleo familiar.

Entre os argumentos aventados, predominou, no caso em questão, a alegação de que, uma vez dependente do marido, a esposa ficaria a sua mercê, sujeita aos desmandos do “explorador” com quem divide o teto. Ora, se uma mulher expõe-se a tal risco de perder as rédeas de sua vida, é porque ela deposita muita confiança no parceiro – fenômeno também conhecida como amor, algo aparentemente desconhecido por tais pessoas tão preocupadas com as escolhas alheias – e, portanto, acredita que o “contrato” firmado entre as partes será cumprido. Se vai dar certo ou não, ninguém sabe, e somente aos envolvidos na relação cabe decidir a respeito da conveniência do enlace nestas condições e de sua manutenção no tempo.

É claro que a chance do casamento terminar em melodrama decresce significativamente à proporção que os valores familiares venham a permear a vida dos cônjuges – para desgosto daqueles que vibram com cada nova história de pai ausente narrada, e fazem de tudo, seja em nome de uma suposta “liberdade”, seja por contrariedade à “moral burguesa”, para desvirtuar os papéis de cada membro da família, retirar a autoridade dos pais sobre os filhos e transformar em um inferno aquele período de convivência que deveria forjar o caráter dos indivíduos.

Mas se a mulher decidir, por liberalidade própria, que deve também arranjar emprego, seja para ajudar no sustento do lar, seja para sentir-se mais autônoma, sem problemas: os últimos dois séculos,  marcados pela expansão do capitalismo, testemunharam o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, muito em função da busca crescente dos empreendedores por incrementos de produtividade.

Não poderiam faltar no debate aqueles que acreditam que Mayara só quer “um milionário para sustentá-la”. Se for o caso, indago: e daí? Desde que este matrimônio não ocorra sob a mira de uma arma, ambos sairão, a priori, beneficiados com a união. Quando observo uma jovem formando casal com um senhor de idade avançada endinheirado (ou a mesma situação invertendo-se os sexos), não consigo deixar de imaginar que ambos estão felizes – cada qual por seus motivos particulares.

Por que cargas d’água, pois, alguém deveria imiscuir-se em seus negócios? Em nome do empoderamento feminino? E se ela estiver se lixando para o Femen e demais grupelhos de sovaco cabeludo e colorido (bem provável, por sinal)? Sem preconceito com diferenças de idade e de saldo bancário, pessoal! Marcela Temer e seus recato, beleza e discrição foram vítimas recentes deste tipo de discriminação perpetrada por igualitaristas fajutas, o que gerou até mesmos capas de revistas debochadas.

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Seria interessante consultar a opinião das camaradas feminazi, uma vez que mal conseguem dormir à noite sabendo do terrível fato de que há mulheres vivendo às expensas de homens em nosso hemisfério, a respeito dos haréns dos quais desfrutam diversos Sheiks árabes muçulmanos – alguns dos quais, a propósito, financiaram Hillary Clinton em sua fracassada campanha. Seria de grande valia saber o que pensam da escravidão sexual praticada amplamente em países islâmicos, e dos casamentos com meninas de menos de dez anos. Prevejo, no entanto, silêncio sepulcral e sons de grilos ao longe…

Encerro fazendo votos de que Mayara encontre seu provedor, case, tenha quantos filhos lhe der na telha e seja feliz, a despeito das bobajadas saídas da boca de certas pessoas mal-amadas que se desdobram para deturpar a felicidade de outrem – não serei eu, por certo, o felizardo, pois já dei a sorte de encontrar uma mulher que não me veja como seu adversário em uma luta de classes. Theodore Dalrymple, em sua obra Em Defesa do Preconceito, descreveu uma paciente muito infeliz justamente porque não lograva levar o namorado ao altar – ou ao cartório, que seja:

Certa vez tive uma paciente que tentara o suicídio porque o seu eterno namorado se recusava a pedi-la em casamento. Ao conversar com o rapaz, perguntei o motivo da recusa, e ele respondeu-me que aquilo (o casamento) era apenas um pedaço de papel e não significava muito. “Se é apenas um pedaço de papel e não significa nada”, perguntei-lhe, “por que você não assina? Para você, não vai mudar nada, mas isso traria uma imensa alegria a ela.” De repente, tornando-se alguém movido pelo mais profundo princípio, ele me disse que não queria viver uma farsa. Eu quase pude ouvir a justificativa de fundo: um amor verdadeiro e um compromisso real são questões do coração, os quais não precisam da ingerência da Igreja ou do Estado para selá-los.

O ceticismo desses céticos radicais, os quais exigem uma base cartesiana a partir da qual examinarão qualquer questão, ao menos as questões que tenham alguma implicação na forma como devem conduzir as suas vidas, varia de acordo com o assunto. São poucos os que se mostrarão céticos a ponto de duvidar que o Sol surja amanhã, muito embora eles tenham certa dificuldade na hora de oferecer evidências sólidas que sustentem a teoria heliocêntrica (ou qualquer outra) do sistema solar. Esses céticos acreditam que, ao apertarem a tomada, a luz se acenderá, mesmo que lhes falte qualquer conhecimento sobre teoria da eletricidade. Todavia, um feroz e insaciável espírito investigativo os domina por completo no exato momento em que percebem que os seus interesses estão em jogo – o que significa, mas precisamente, a liberdade ou licença para que possam agir segundo os seus caprichos. Então, subitamente, todos os recursos da filosofia lhes são disponibilizados, e serão imediatamente usados para desqualificar a autoridade moral dos costumes, da lei e da sabedoria milenar.”

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Quer entender por que armas salvam vidas? Assista a lutas de Boxe!

O verdadeiro cenário de Mad Max que a “greve branca” da PM causou no Espírito Santo reacendeu, felizmente, o debate sobre a concessão de posse e porte de armas de fogo para o cidadão comum. Bene Barbosa (sempre ele) esmiuçou o tema em ótimo artigo publicado pelo Instituto Mises Brasil¹, mas há uma forma ainda mais intuitiva de persuadir àqueles ainda titubeantes em relação à eficácia (no sentido de reduzir os índices de violência urbana) de permitir que os indivíduos exerçam, efetivamente, o direito à legítima defesa: observar lutas de boxe (ou de outros esportes do gênero) de diferentes divisões de peso, e constatar o quão distintas são as estratégicas utilizadas pelos atletas.

 Em categorias leves, os lutadores não são dotados de força  suficiente para nocautear o adversário com apenas um golpe. O que ocorre, então, é que eles não economizam socos, desferindo pancadas em sequência, uma atrás da outra. A fase de estudo do adversário costuma ser muito resumida, e a quantidade de vezes em que os oponentes se atingem é bastante elevada.

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Em lutas de pesos pesados, a seu turno, os atletas sobem ao ringue cientes de que um único golpe é capaz de encerrar a contenda. A consequência: há uma fase de estudos muito mais extensa, o respeito pelo potencial lesivo das mãos do rival é notável, e o número de socos desferidos e conectados é bastante diminuto em relação aos leves. E quando um dos oponentes resolve contrariar esta lógica e, tão logo soa o gongo, parte na direção do córner oposto feito um touro bravo, o resultado costuma ser um nocaute em poucos segundos – sofrido pelo pugilista afobado, claro.

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A partir desta análise, fica mais fácil acalmar àquelas pessoas receosas de que, uma vez que os cidadãos pudessem andar armados, todos os conflitos seriam resolvidos na bala. Ao contrário: saber que o interlocutor de uma discussão de trânsito, por exemplo, pode estar armado, é motivo forte o suficiente para nem iniciar o litígio. Ou para poupar a respectiva mãe das ofensas, pelo menos.

Ou seja, se eu possuo uma pistola, mas sei que qualquer indivíduo ao meu redor pode estar portando uma também , eu só vou sacar a minha em último caso, pois sei que deve vir chumbo grosso em retorno caso eu puxe o gatilho. Um peso pesado que baixe a guarda e mande um cruzado de forma incauta pode, perfeitamente, receber um gancho no queixo como contragolpe e só acordar no hospital.  Mas isso tudo, claro, se ambos conseguirem bater o peso na véspera do confronto, e, portanto, estiverem na mesma faixa de peso, a fim de “casar” a luta corretamente, com se diz na gíria do esporte.

Na conjuntura brasileira, todavia, a disputa é desleal: somos todos pesos leves (pessoas ordeiras sem direito a andar armadas) enfrentando pesos pesados (bandidos empunhando metralhadoras e fuzis). Em uma relação tão desequilibrada, é natural que os meliantes fiquem cada vez mais audaciosos e valorizem cada vez menos a vida de suas vítimas, tal a superioridade dos meios que possuem.

No caso do boxe, o árbitro do combate, ao perceber que um dos lutadores não mais consegue se defender ou que golpes baixos estão sendo aplicados, vai interromper a luta, no interesse da integridade física do prejudicado – solicitando, se for necessário, reforço da segurança do evento. Mas no caso de nossa sociedade civil, o árbitro está em greve! Que melhor convite do que esta omissão do Estado, o detentor do monopólio da força, para que a disputa vire um verdadeiro vale-tudo, com direito a dedo no olho e tudo o mais que a criatividade der origem? Se o Juiz não está olhando, a covardia dos marginais sobe a níveis insuportáveis por aqueles que obedecem ao estatuto do desarmamento.

E por falar em árbitros negligentes, aproveite-se o ensejo para ressaltar outro fator que permite que países onde o número de armas de fogo por habitante é muito expressivo, como Canadá, Suíça e Estados Unidos, ostentem baixos índices de criminalidade: a legislação penal severa e aplicada com eficiência (significativo percentual dos assassinatos é desvendado e seus perpetradores são capturados). Leia-se: se eu tenho certeza quase absoluta de que serei encarcerado (e custarei e reconquistar a liberdade) ou conduzido ao corredor da morte caso dispare minha arma contra alguém, eu só o farei em último caso, como recurso derradeiro.

É por isso que algumas nações podem dar-se ao luxo de liberar a comercialização até mesmo de armas de maior impacto, pois o Estado possui razoável certeza de que os cidadãos as utilizarão apenas para legítima defesa ou para outros fins previstos em lei (caça, tiro esportivo, etc).

E quanto àqueles que invadem espaços coletivos atirando em todas as direções, algumas considerações:

1) Trata-se de sociopatas, os quais, caso não possam obter armas, farão uso de quaisquer outras ferramentas para seus ataques, tais como um caminhão, panelas de pressão convertidas em bombas, ou até mesmo aeronaves direcionadas a prédios;

2) As chances de sobrevivência das vítimas de tais sociopatas serão muito maiores se elas estiverem armadas – não por acaso, muitos terroristas escolhem zonas livres de armas para seus atentados, e o Brasil, país “desarmado”, também coleciona episódios do tipo, com facínoras invadindo salas de aula e cinemas atirando a esmo, sabedores de que nenhuma reação à altura pode ser empreendida por seus alvos;

3) Antes que alguém aponte, como contra-argumento, o atirador da Noruega, que matou mais de cem pessoas em uma tarde, em uma país onde 31% da população possui armas registradas, observe antes dois detalhes: a vida de luxo ostentada pelo terrorista na prisão, que induz a crer que vale a pena praticar tais atos horripilantes no país nórdico; e o fato de que o porte da arma lá é proibido, isto é, as pessoas que foram alvejadas poderiam até ser proprietárias de armamentos, mas eles, possivelmente, estavam em casa. Ainda assim, a taxa de homicídios da Noruega é a oitava mais baixa do mundo. Ah, sim: quase metade de suas vítimas padeceu pela explosão de um carro-bomba – eis aí o item 1 novamente.

Cabe ainda invocar aqui, para ajudar na elucidação, a teoria da paz nuclear, segundo a qual tais armas de destruição em massa contribuíram para evitar conflitos militares desde a sua criação. É a mesma analogia da luta de pesos pesados: duas nações em desentendimento, ambas sabedoras de que dispõem de armas nucleares em seu arsenal, dispositivos estes capazes de reduzir cidades inteiras a pó, somente irão declarar guerra se não houver mais nenhuma possibilidade de diálogo.

A própria Guerra Fria é um exemplo da aplicação prática desta teoria, pois foi justamente o medo de que um dos lados disparasse suas ogivas que manteve cada país quieto em seu hemisfério por tantas décadas, mesmo em meio a uma tensão diplomática sem precedentes. Tudo bem que Che e Fidel quiserem apontar os mísseis nucleares russos para Nova York em 1962, mas eles eram sociopatas – retornar ao item 1 supra novamente.

É isso, pois, que o brasileiro deveria demandar do governo (como já fez, aliás, no plebiscito de 2005, mas precisar gritar mais alto, pelo visto): uma disputa justa, e não um massacre de Mike Tyson contra Zé Carniça, como ora é verificado.

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¹ http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2626

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A nomeação de Alexandre de Moraes para o STF não é um bicho de sete carecas

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São em número de três, basicamente, as razões pelas quais choveram críticas sobre Michael Temer tão logo ele tornou pública a decisão de indicar Alexandre de Moraes para o cargo de Ministro da Suprema Corte, na vaga deixada por Teori Zavascki após seu trágico falecimento. Perpassá-las-eis uma a uma – como diria o Presidente – mas já posso adiantar o desfecho: é muita gritaria por nada. E pior: muitos distraídos estão fazendo coro à lorota esquerdista sem sequer darem-se conta do equívoco.

1) Temer nomeou um “comparsa” para enterrar a Lavajato, contrariando seu discurso  prévio de que adotaria critérios técnicos na escolha:

Ora, se o Presidente estivesse mesmo imbuído deste indecoroso intuito (ao menos nesta ocasião), teria nomeado Alexandre de Moraes logo após a morte de Teori, alocando-o na relatoria dos processos e recursos oriundos da Lavajato, em vez de esperar que Cármen Lúcia designasse o Ministro Fachin na função, como sucedeu-se no caso.

Se assim procedeu, Temer, seja por bom senso ou por receio de desnudar publicamente eventuais temores seus em relação às delações da Odebrecht (indiferente neste caso), deixou passar até mesmo a chance de impedir ou protelar indefinidamente a homologação dos depoimentos prestados pela empresa – os quais, ao que parece, comprometem muito o PMDB.

Tal procedimento, convenhamos, não é condizente com um sabotador de ações penais. A “Operação Mãos Limpas” brazuca segue firme e forte, apesar dos percalços no caminho, e já restou bem claro que seu quase absoluto apoio popular é capaz de blindá-la contra forças obscuras quaisquer. Não vai ser um Juiz, em meio a outros dez, que vai conseguir debelá-la.

Seria este um bom momento, inclusive, para encerrar de vez a propagação de teorias conspiratórias envolvendo o acidente de avião que vitimou Zavascki, as quais davam conta de que tudo foi orquestrado para livrar a cara daqueles que devem explicações a Sérgio Moro – contrariando, destarte, até mesmo os laudos preliminares da Aeronáutica.

Ademais, alegar que Alexandre de Moraes não enquadra-se em um perfil técnico é piada digna do Zorra Total. Seus livros e pareceres jurídicos estão entre os mais prestigiados no meio acadêmico, destacando-se ele na área do Direito Constitucional.

Argumentam alguns descontentes que Ives Gandra Martins encaixaria-se ainda melhor neste conceito de indicação por mérito – assertiva difícil de contradizer. Mas fazer o que se estávamos diante de um Juiz “conservador demais”, não é?

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2) Alexandre de Moraes era “advogado do PCC” há não muito tempo:

Na verdade, seu escritório representava judicialmente, em mais de uma centena de processos, a  Transcooper, cooperativa esta que integra um rol de cinco empresas e associações investigadas pelo MP-SP como suspeitas de servirem para lavagem de dinheiro da organização criminosa Primeiro Comando da Capital. E digo mais: ele logrou absolver, em 2014, Eduardo Cunha de uma acusação de uso de documento falso.

Ao que, pois, pergunto: e daí? O devido processo legal foi suspenso no Brasil e não fiquei sabendo? Qualquer (suposto) criminoso tem direito ao contraditório e à ampla defesa, e, possivelmente, eles irão contratar advogados para isso – até porque, na maioria dos casos, a lei assim o exige. Cidadãos honestos e ordeiros, por certo, não demandam os serviços de profissionais do Direito com frequência; bandidos sim – e como.

Pela mesma lógica torta, Eike Batista, por exemplo, deveria se virar sozinho no tribunal, pois o advogado que resolvesse apresentar suas razões em juízo estaria com a carreira fatalmente manchada como “defensor de criminosos”. O ex-quase homem mais rico do mundo, ao contrário, vai precisar é de um excelente jurisconsulto a seu lado quando encarar o homem da capa preta. Alexandre de Moraes, por sinal, fosse um criminalista, seria uma ótima opção no caso, dado sua reconhecida excelência em seu campo de atuação. Tudo dentro da normalidade em um Estado de Direito, onde até mesmo o maníaco do parque pode alegar inocência, preferencialmente apoiado por um advogado, o qual, agindo dentro dos limites éticos e legais, estará tão somente fazendo seu trabalho.

Interpretar tal relação contratual como imoral “de per si” implica em condenar ao aniquilamento a própria profissão jurídica, e até mesmo o princípio da presunção de inocência, um dos sustentáculos de nosso atual estágio civilizatório, estaria com os dias contados. Marcelo Odebrecht está sendo defendido por advogados do mais alto quilate, e não creio que seus currículos (salvo em caso de manobras ilegítimas eventualmente perpetradas) deveriam sair apequenados do episódio. Condenar réu e representante legal juntos, estendendo ao segundo os crimes do primeiro, contraria o princípio de que a pena não deve passar da pessoa do condenado – nem tampouco a má fama.

Causa espanto, ainda, o fato de ligações de cunho profissional com traficantes de entorpecentes gerar alvoroço na Esquerda. Afinal, não são eles que defendem os direitos humanos dos criminosos, dia sim, outro também? O duplo padrão aqui é notório, duplipensar puro.

3) O novo Ministro do STF não “curte” muito o PT e a esquerdalhada, e deu demonstrações públicas de tal antipatia:

Sim, Alexandre de Moraes protagonizou um vídeo que viralizou na Internet no qual ele contra-argumenta com um “estudante” militante e o deixa em maus lençóis, tecendo fortes críticas aos governos de Lula e Dilma.

Sim, ele não permitiu que o direito dos estudantes interessados em aprender e frequentar aulas fosse cerceado por baderneiros manipulados por sindicatos de professores, durante as famigeradas “ocupações” estudantis em seu estado. Invasores foram tratados como tais – exemplo que deveria ter sido copiado no restante do país, aliás.

E faço votos de que seja este o Norte de sua futura atuação no Supremo: pegando pesado contra a corrupção e não dando refresco para quem descumpre a legislação. E o PT e seus braços nos ditos “movimentos sociais” andaram muito à margem da lei nos últimos anos. Absolutamente normal é sofrerem ataques por suas condutas ilícitas, seja de pessoas comuns, seja de figuras públicas.

E sua proximidade com o atual governo é absolutamente natural: se para preencher cargos de livre nomeação o costume é escolher pessoas de confiança (daí a nomenclatura do cargo), impossível seria imaginar um Presidente selecionando alguém para quem nunca dirigiu a palavra como novo integrante da mais alta instância do Judiciário.

E por falar nisso, Alexandre de Moraes é favorável à prisão do réu após sua condenação em segunda instância. Ponto positivo para ele, e negativo para a sensação de impunidade no Brasil.

Após sua posse como Ministro, aí sim, torna-se recomendável não mais emitir posicionamentos fora dos autos – recomendação esta que dificilmente é seguida pelos atuais membro daquela corte, a propósito.

Toda esta querela seria, em boa medida, desnecessária se o Senado fizesse seu trabalho condignamente e examinasse, de fato, se o indicado pelo Chefe do Executivo Federal para a cadeira no STF preenche os requisitos para desempenhar atribuição de tamanha relevância. Até a última sabatina, a qual foi submetido e aprovado  Luiz Edson Fachin, a Casa Alta servia apenas como chanceladora da escolha presidencial, perfazendo um procedimento apenas pró-forma durante os questionamentos ao candidato.

Pois que Alexandre de Moraes seja escrutinado da careca aos pés, e que decidam os representantes dos estados brasileiros se ele é adequado para o cargo ou não. E se assim continuar sendo feito, muito desta discussão em torno do nome dos indicados pode ser poupada no futuro. Melhor ainda seria, no caso, se os pressupostos para admissão no posto forem melhor definidos por lei, deixando para trás o conceito demasiadamente amplo de “notável saber jurídico e reputação ilibada”.

E se, por fim, o Judiciário para de bancar o “ativista”, legislando em nome do Congresso Nacional, regressando à sua função original de jurisdição (“dizer o direito” no sentido de aplicá-lo, e não inová-lo), possivelmente nos preocuparemos menos com os nomes que compõe o STF – especialmente se eles passarem a ser responsabilizados por decisões abusivas e que interfiram na independência entre os Poderes.

Aos que discordam (e não acham que o impeachment foi golpe, bom que se diga), tentem enxergar o copo meio cheio: a esta hora, era para a dona Vana Roussef estar escolhendo seu pupilo para o cargo em questão – mais um do naipe de Barroso ou Lewandowski, com certeza. Pior: não fosse a aprovação em 2015 da chamada “PEC da bengala”, que permitiu que Juízes de tribunais superiores seguissem trabalhando até os 75 anos de idade, ela ainda nomearia mais dois até dezembro de 2018. Tudo é relativo mesmo, não é? Bem mais fácil olhar Alexandre de Moraes (ou qualquer outro apontado por Temer) com bons olhos vendo por este prisma.

Ou não. É possível continuar considerando desastrada a ação do Presidente, e até mesmo setores da Direita assim vem procedendo. Dentro do debate democrático, quando se busca os melhores meios para atingir determinados fins nobres, é normal tal discordância dentro do mesmo espectro político. Só não pergunte se alguém da Esquerda, alguma vez , questionou as indicações de Lula e Dilma para a Suprema Corte. Diversidade de opiniões? Claro, companheiro…que não!

Editado – minha tese foi referendada por uma importante figura da República de Curitiba:

http://m.oantagonista.com/posts/deltan-moraes-esta-alinhado-a-lava-jato

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Revoltados com o aumento da Tarifa de ônibus: peçam mais Livre Mercado, KCT!

Recebi ontem, tarde da noite, um alerta de um amigo em um grupo de whatsapp, dando conta de que a polícia da capital do Paraná estava ensinando a cidadãos mascarados, de forma pouco sutil, que patrimônio público e privado não deve ser depredado ao primeiro sintoma de indignação – não sem consequências, ao menos.

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O motivo da sublevação? Aquele mesmo adotado em 2013 pelo Movimento Passe Livre (grupelho trotskista misto de PSTU e PSOL) como pretexto para perturbar a paz e incitar centenas de milhares de pessoas honestas e trabalhadoras às ruas: o aumento da tarifa de ônibus – de R$3,70 para R$4,25 no caso em tela.

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Pois bem, vamos à vaca fria. suponhamos que fosse composta esta turba que está aprendendo na prática se bala de borracha no lombo dói ou não, de fato, por pessoas ordeiras que irromperam em um surto de ódio, e não apenas por filhinhos de papai entediados que estudam na UFPR, que sequer fazem uso de transporte público, que estão se lixando para o estado democrático de direito e só querem por em prática suas aspirações revolucionárias: como deveriam elas proceder para aplacar a raiva e reivindicar medidas que efetivamente possam reduzir o preço de ir de um lado a outro da cidade?

Primeiramente, vai bem uma dose de realidade e conhecimento das entranhas dos contratos administrativos celebrados pelo poder público com as concessionárias deste setor: a prefeitura confere aos vencedores dos respectivos processos licitatórios a exclusividade na prestação de tal serviço. É exatamente o que parece: um cartel formado pelas empresas de transporte amigas do rei.

Ora, se o Estado impõe barreiras à entrada de novos empreendedores na atividade econômica, é óbvio que nenhum esforço será feito pelos sortudos empresários agraciados com a delegação para reduzir custos e melhorar a qualidade do produto que ofertam. Nem eu faria – apenas me preocuparia em manter-me dentro da panela (o oligopólio artificial criado pelo intervencionismo estatal). Tal qual procedem, por exemplo, os donos de licenças para operação de táxis quando ameaçados pelo advento do Uber e demais aplicativos do gênero: livre mercado? Vadre retro, Satanás!

Ou seja, se os usuários das linhas de ônibus querem dar um basta no lucro abusivo dos proprietários das empresas deste meio de transporte coletivo, peçam competição para eles. Só a concorrência e a correlata necessidade de agradar aos consumidores pode acabar com a mamata atualmente usufruída pelos concessionários. Já escrevi sobre isso no dia mundial sem carro, mas não custa reforçar.

Invoquemos os ensinamentos de Thomas Sowell: “você quer ver mais coisas serem mais acessíveis a mais pessoas? Então descubra formas mais eficientes de produzir coisas ou de levar estas coisas para os consumidores a um custo mais baixo”. Que motivação poderia haver para tal empreitada no Brasil, entretanto, neste cenário de mútuo favorecimento entre governo e empresas de transporte urbano, é difícil dizer.

Mas o maior tiro no pé nesta embróglio diz respeito à outra minúcia da famigerada “caixa-preta” do setor: parte dos custos das empresas de ônibus é coberta pelo orçamento do município. Isto é, se a passagem baixar ou não for reajustada, os subsídios governamentais, a seu turno, serão elevados para compensar a diferença.

Se eu fosse, portanto, membro deste clube seleto, possivelmente estaria jogando pedra na PM e vandalizando tudo a esta hora: para que depender do movimento de caixa para faturar (de quantos passageiros cruzarão pelas roletas dos carros)? Muito melhor receber dos cofres da cidade a maior quantia fixa periódica possível – de preferência 100%, o “tão sonhado” passe livre. A luta continua, companheiros amantes do welfare state – para regozijo dos monopolistas desta atividade econômica.

Ganha um VT quem acertar o número de “analistas” entrevistados pela mídia tradicional amanhã que abordarão a questão por este prisma. Dica: corresponde ao QI aproximado de quem ombreou esforços ou simplesmente apóia estes “manifestantes” que podem confrontar a polícia a esta hora porque não precisam trabalhar amanhã cedo.

PS: qualquer similaridade deste texto com o conteúdo do livro “Por Trás da Máscara”, de Flávio Morgenstern, não é mera coincidência. Incrível como a história se repete nestipaíz

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