O fracasso da “greve” geral confirma: caos que a prisão de Lula supostamente geraria é lenda

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O Juiz Sérgio Moro costuma ser considerado, acima de tudo, um bravo – pelo menos por aqueles ávidos pela devida responsabilização de agentes públicos e privados que dilapidaram como nunca os cofres estatais e contribuíram para mergulhar o país na recessão; bom que se faça a ressalva.

Muito além do conhecimento e da perspicácia, o trabalho do paranaense de Ponta Grossa (a cidade, ok?) tornou-se notório pela coragem de interpretar as leis sempre no sentido de assegurar a eficácia da persecução penal contra os criminosos (especialmente quando da expedição de mandados de prisão preventiva).

Até a lavajato começar a trazer figuras de relevo da política e do capitalismo de laços para sentir o frio de Curitiba, pareciam intocáveis pelo Judiciário e pelo ordenamento jurídico pátrio os maiores corruptos e corruptores de que se tem notícia na história da humanidade.

Ora, se a mesmíssima legislação que servia, até então, para promover a impunidade, agora faz infratores sofrerem as consequências de seus atos, resta claro que o elemento que faltava nesta questão era mesmo ousadia. E a chancela dos tribunais superiores a mais de 90% de suas decisões ainda prestou-se a comprovar que nunca estivemos diante de um suposto “justiceiro” atropelador das normas, mas simplesmente de alguém disposto a dar um basta na impenitência generalizada.

Ou seja, Sérgio Moro não faz nada, portanto, que seus colegas de profissão não possam fazer também – e esperamos que doravante,  diante de tão egrégio exemplo, o façam.

Mas é sabido, por outro lado, que a valentia do magistrado é temperada por sua notável capacidade de pensar a longo prazo, de agir pensando nos desdobramentos de seus despachos ali na frente, como se xadrez jogasse contra a bandidagem.

Não por acaso, ele chegou a pedir apoio da população, durante suas palestras, para que pudesse encarcerar altas autoridades do Brasil. Vale dizer: ele sabe ler o ambiente político, avaliar a vontade do cidadão, ponderar se uma dada ação sua pode vir a comprometer a credibilidade de toda a operação.

E é certamente esse o motivo pelo qual o ex-presidente Lula ainda não está preso: o temor, por parte dos membros da “República de Curitiba”, de uma suposta convulsão social que poderia ser gerada pela condução do ex-presidente para trás das grades.

Bastaria lançar mão, afinal de contas, dos mesmos critérios que foram empregados para aprisionar Eduardo Cunha, Sérgio Cabral e José Dirceu, dentre outros, e pronto: o “amigo” da Odebrecht começaria a pagar por seus crimes.

Não à toa, Sérgio Moro atendeu à solicitação da Polícia Federal para adiar o depoimento de Lula – no curso de uma das seis ações penais  nas quais é réu – em uma semana, com vistas a evitar enfrentamentos entre seus correligionários e as forças de segurança.

O magistrado chegou a afirmar que os grampos que flagraram conversas suspeitas de Lula, na Operação Aletheia, poderiam justificar sua prisão temporária, mas que, na ocasião, acabou-se optando por ‘medida menos gravosa’ – no caso, a condução coercitiva do petista.

Sérgio Moro deveria realizar este cálculo de possíveis danos à ordem pública antes de decretar uma prisão? Há controvérsias, pois cidadão algum deveria,  em tese, ser visto de forma diferenciada pelo Estado. Já a prática é bem diferente, e sabemos que este trade-off  que permite que Lula usufrua da liberdade até eventual condenação em segunda instância serve para garantir a continuidade da Lavajato e das demais operações dela derivadas.

De qualquer forma, frente a acontecimentos recentes diversos, já é possível afirmar sem medo de errar: este receio de que o encarceramento de Luiz Inácio poderia gerar caos nas ruas do país não tem mais razão de ser. É lenda urbana.

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Com o impedimento de Dilma Rousseff, havia expectativa de que revoltas e protestos de padrões venezuelanos irromperiam impiedosamente. Mas que nada: meia dúzia de apaniguados insatisfeitos atearam fogo a pneus aqui, hashtags indignadas ali, e pronto. O governo que faliu o Brasil para reeleger-se, varreu tudo para debaixo do tapete dos bancos públicos e foi pego no flagra por pessoas como Janaina Paschoal, acabou sendo apeado do poder sem efeitos colaterais de espécie alguma.

A prometida guerra civil não deu às caras e, não fosse pela curiosidade mórbida de rever vídeos engraçados da ex-presidenta vez por outra, ela já teria sido esquecida de vez – embora seu marqueteiro insista em nos reavivar a memória em suas declarações à Justiça.

Nem mesmo as invasões de colégios por parte de estudantes capitaneados por militantes disfarçados de professores surtiram efeito algum. Apesar de contar com a complacência daqueles que deveriam garantir o direito de ir e vir dos alunos que pretendiam estudar, a forte reprovação por parte da população ordeira fez minguar o movimento.

Já há um sem número de pessoas saltando da barca lulista tal qual ratos durante um naufrágio. Quando até mesmo indivíduos outrora apoiadores incondicionais de Lula, como Paulo Henrique Amorim e Leonardo Boff, passam a afirmar que o Brahma “deturpou o petismo”, é porque a água (suja) já bateu no queixo – ou na barba.

Ademais, o partido dos trabalhadores foi varrido nas eleições municipais de 2016, em uma evidente demonstração de que sua capacidade de convencimento das massas reduziu-se quase ao zero absoluto.

E o ato final deste enredo de derrocada: o fracasso estrondoso do movimento que se pretendia paradista neste 28/04/2017. A adesão ficou muito abaixo do pretendido pelos organizadores, e restrita basicamente a descontentes com a perda de privilégios – especialmente o imposto sindical compulsório em vias de ser  extinto.

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Primeiramente, deixemos claro: greve é resultado de desacordo entre empregados e empregadores após tentativa frustrada de negociação. O que ora ocorre nesta (conveniente) véspera de feriadão prolongado pode ser chamada, pois, de qualquer coisa menos greve. Assim sendo, o desconto de um dia de trabalho no salário dos faltantes (mais a remuneração do descanso semanal) é totalmente legal – bem como o emprego, sendo o caso, de outras medidas inerentes ao poder disciplinar, como advertência ou suspensão.

O principal problema causado pelo evento em comento foi a paralisação do transporte coletivo terrestre  (pois os aeroportos operaram normalmente), muito pelo fato de que a maioria dos motoristas de ônibus foi constrangida a não trabalhar por representantes sindicais – conduta tipificada como crime no Brasil, e que poderia perfeitamente (alô, PM) motivar a prisão de seus perpetradores.

Aliás, convém aqui ressaltar que multas impostas a sindicatos pela realização de greves ilegais de nada adiantam, pois como tais entidades são monopolistas em suas devidas regiões de alcance, não há motivo sequer para que elas preocupem-se com uma possível insolvência. A legislação, pois, salvaguarda suas atuações irregulares e prejudiciais à sociedade, incentivando suas práticas manifestamente ilegais.

Apesar, portanto,  de algum transtorno e da esperada paralisação de determinadas escolas (lugar comum na conjuntura atual Paulofreireana), o resultado da mobilização foi praticamente nulo. Pior: serviu para mostrar que as pautas da agenda dos protestantes não coincide com as do povo em geral, dando mais munição política para a aprovação das necessárias reformas que tramitam no parlamento.

Face ao exposto, rogo ao juiz Sérgio Moro, em nome dos demais brasileiros de bem: se o senhor já possui os elementos de convicção para prender preventivamente Luiz Inácio Lula da Silva, e tem segurado a caneta pensando em nossa segurança, fique susse, como se diz em Curitiba, e faça as honras. As delações premiadas são benéficas ao processo penal justamente por propiciarem a captura dos cabeças dos esquemas de corrupção. E se o procurador Deltan Dallagnol estiver certo em seu PowerPoint, vossa excelência está com a faca e o queijo na mão para pegar o Capo do petrolão.

Adaptando um certo slogan entoado por aí, “não vai ter bagunça”; no máximo um dia ou dois de incômodo. Nada mais. Valerá   (e muito) a pena.

Renato Duque, em novo depoimento marcado para 05/05, promete entregar mais subsídios ainda para sua apreciação. Não quer aproveitar o ensejo? Só uma sugestão…

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Campanha “Criança não namora” tenta reverter cenário de erotização precoce

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Quando a rede pública de ensino expõe estudantes à sexualidade de forma prematura ou a mídia reproduz material impróprio para crianças, costumamos tecer críticas contra tais procedimentos, no intuito de preservar a infância, visando propiciar o adequado desenvolvimento da pessoa e a formação de um adulto mental e socialmente saudável. Nada mais justo, portanto, que iniciativas que vão na contramão da atual tendência de erotização infantil sejam elogiadas e propagadas.

A campanha “Criança não namora, nem de brincadeira” foi lançada pelo governo do Amazonas (o qual ganhou a parceria do Conselho Nacional de Justiça na empreitada), e objetiva combater a sexualização precoce, amplamente aceita e até mesmo incentivada (inclusive por muitos pais) em nossa sociedade.

Para os idealizadores do movimento, a principal meta é convencer os adultos do fato de que a relação natural entre meninas e meninos que ainda não chegaram à adolescência é a amizade. Incentivar o namoro na infância, para eles, pode “adultizar” e até mesmo estimular o desejo por experiências sexuais.

Tal precaução não equivale, em absoluto, a reprimir as expressões de afetividade da criança, mas tão somente a evitar transformar relações de respeito e carinho em namoro. Segundo relatado por professores, seriam comuns casos de crianças de quatro anos que se escondem para beijar na boca, e até mesmo pedidos de casamento aos cinco anos.

É trabalho fundamental de todos os envolvidos no processo educacional, pois, separar o mundo adulto do infantil. Cabe aos pais, em especial, orientar seus filhos durante as diferentes etapas do crescimento, não permitindo que importantes estágios deixem de ser vividos. Nesta conjuntura, trocar as músicas infantis por som de “balada” ( e suas coreografias frequentemente obscenas) nas festas de aniversário ou vestir as crianças com roupas e acessórios de adultos são atitudes que contribuem muito para o encurtamento da infância, dando vazão a sentimentos que elas ainda não estão prontas para compreender e processar em suas mentes.

E não adianta tentar jogar esta responsabilidade na conta dos professores: o trabalho da escola é fornecer a educação regular; incutir conceitos morais e limites de comportamento é tarefa dos genitores, para cuja execução eles, eventualmente, podem (e devem) receber ajuda de amigos e familiares, mas nunca esquecendo que o dever repousa sobre seus ombros.

Um indivíduo que tenha pulado a infância enfrentará embaraços para tornar-se um adulto maduro e responsável, pois passará o restante de sua existência tentando recuperar aquele período deixado para trás, além de apresentar dificuldade em assimilar as vicissitudes do cotidiano da vida adulta – virando um eterno púbere e potencial sujeito dependente de benesses estatais diversas (o típico membro da “juventude socialista” aos 50 anos de idade). Este fenômeno já foi melhor explicado neste artigo.

Não é bonitinho instigar beijinhos de namoro ou declarações de amor entre pessoinhas de pouco mais de um metro de altura. Tudo a seu tempo. É claro que os pedófilos não curtiram esta campanha, mas eles não podem reclamar: devem é se contar felizes por ainda estarem com vida – muito embora a Rede Globo (bem como a esquerda em geral) discorde disto  veementemente, por óbvio.

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Nem dar o peixe nem ensinar a pescar: apenas deixem o pescador em paz

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Impossível alguém passar a vida sem proferir, nem que seja uma vez ou outra, o surrado provérbio segundo o qual não se deve dar o peixe, e sim ensinar a pescar. O contexto do emprego da metáfora costuma ser o mesmo: se o governo disponibilizar as condições para que as pessoas humildes evoluam por si mesmas, não será necessário conceder-lhes benesses estatais no futuro, reduzindo, assim, a demanda por políticas assistencialistas.

Só que a tese de que o povo precisa que alguém lhe ensine a pescar é também dotada de teor paternalista, e seus desdobramentos práticos, via de regra, são a degradação do cenário econômico e a necessidade premente de mais paternalismo, em um ciclo infindável.

O brasileiro é um povo notório por sua criatividade, iniciativa e capacidade de adaptar-se a qualquer situação para sobreviver ou prosperar – nosso famigerado “jogo de cintura”, que inclui no pacote, por vezes, ter de driblar a burocracia e a sanha arrecadadora estatais para seguir empreendendo.

Diante de um cotidiano caótico e uma vida atabalhoada pelos percalços da indevida intervenção do Estado na economia, o brasileiro, ainda assim, integra-se às novas tecnologias – malgrado os pesados impostos que tanto as encarecem, dando origem a startups de reconhecido sucesso. Mesmo durante a crise, negócios inovadores despontam e comprovam a capacidade de nosso povo de se virar (mesmo como freelancer) e fazer dar certo.

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Considerar, portanto, que o brasileiro precisa ser pego pela mão por algum suposto ente governamental benfeitor e caridoso para que possa subsistir e evoluir é, no mínimo, ingenuidade – e, no limite, mau-caratismo, tendo em vista que a intenção de “ensinar a pescar” tende a ser o pretexto ideal para criar diversos órgãos estatais, aumentar o papel e a influência do governo na vida das pessoas e inchar a máquina pública (para tanto extraindo recursos dos setores produtivos da sociedade).

“Ensinar a pescar” pode ser caracterizado especialmente como dar educação a todos. Então tome dinheiro para o MEC ficar enchendo a cabeça de nossos estudantes com marxismo e demais teorias anticapitalistas. Falar em privatização, sistema de vouchers, Escola Sem Partido, meritocracia para alunos e professores, ensinar as matérias em vez de instigar “senso crítico” (leia-se: transformar jovens em zumbis repetidores de slogans de esquerda)? Coisa de fascista, claro.

“Ensinar a pescar” também engloba a possibilidade de adquirir o material de pesca, certo? Então vamos criar um banco de fomento a atividades empresariais, ainda que, em verdade, ele apenas sirva para captar dinheiro caro no mercado financeiro e repassá-lo a juros mínimos para os ditos “campeões nacionais”, gerando corrupção indefectivelmente e enriquecendo grupos de interesse que exercem forte lobby junto a governantes. E assim segue o Estado em sua missão de tirar dinheiro das pessoas pobres para dar aos ricos fingindo que tira dos ricos para dar aos pobres.

“Ensinar a pescar” também pode ser tipificado como prover infraestrutura e logística por meio do investimento estatal, visando o desenvolvimento nacional, correto? Nada mais justo, portanto, que o governo transforme-se em um grande empresário de diversas atividades econômicas, desde a geração de energia (ainda que venha a quebrar o setor para baixar na marra as taxas durante o período eleitoral), passando pelos correios (meio bilhão de prejuízos em três meses no corrente ano), até, claro, a menina dos olhos de ébano, a prospecção (junto ao refinamento e a distribuição) de petróleo. Se o custo de oportunidade de realizar todas essas empreitadas for elevadíssimo e ainda tornar necessário endividar o governo até o pescoço, provocando aumento crônico de inflação e juros, paciência: é do jogo.

“Ensinar a pescar” também deve consistir, por óbvio, em expandir o crédito via bancos estatais, ampliando a base monetária, gerando a falsa sensação de que há dinheiro no bolso de todos, e soprando uma bolha que, quando estourar, fará todos os peixes sumirem do rio e endividará todas as famílias do país, causando recessão e desemprego – e transformando indivíduos outrora independentes em novos candidatos a receber as aulas de pesca “gratuitas” do governo, na forma de suas mais variadas facetas, como supramencionado.

Veja a armadilha esquizofrênica em que caímos quando entramos nesta conversa fiada de “ensinar a pescar”: damos carta branca para que aqueles que tem a chave dos cofres públicos possam inflar o orçamento indefinidamente em prol desta “causa tão nobre” de tornar as pessoas autônomas em relação ao Estado – sendo que o efeito obtido é exatamente o oposto!

Os índices de desenvolvimento humanos de um país estão intimamente ligados ao seu grau de liberdade econômica – e isso não é opinião de algum “neoliberal” sem coração, mas sim a frieza dos números falando em alto e bom som.

Ou seja, apenas não atrapalhem o pescador que ele certamente voltará para casa com a bolsa cheia. Nós temos muito o que aprender com ele, com o homem comum que prescinde de conselhos de intelectuais para viver sua vida, e não o contrário. Achar que precisamos ou mesmo podemos ensinar a pessoas possuidoras de tanto conhecimento prático como ganhar seu pão é resultado de prepotência mixada com visão romanceada de mundo. Elas só querem, em verdade, uma coisa: que o governo pare de impor obstáculos, permitindo que elas possam poupar mais e pagar menos pelos bens que consomem. Mais nada. Palavras delas mesmas.

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Nova série Global: Os Dias Eram Assim – e poderiam ter sido bem piores!

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É sumamente melancólico – porém não irrealista – admitir-se que, no albor dos anos 60, este grande país não tinha senão duas miseráveis opções: “anos de chumbo” ou “rios de sangue”…

Proferida por Roberto Campos, esta assertiva descreve com exatidão o cenário que se apresentava diante dos brasileiros nos idos dos “anos rebeldes”, composto de um lado por João Goulart – e seu flerte indisfarçado com o Comunismo – e por outro da possibilidade de ver as forças armadas assumirem a administração federal. Entre o péssimo e o ruim, optaram eles (em larga maioria) pelo ruim.

Nenhum debate honesto sobre o período do regime militar poderia, portanto, ignorar os efeitos positivos e negativos da conjuntura experimentada pelo Brasil naquele período deveras complexo. Assim procedeu, por exemplo, Lucas Berlanza em artigo recentemente publicado pelo Instituto Liberal, no qual destacou que a simplificação histórica não é capaz de reunir os elementos suficientes para a devida compreensão daquele episódio. Na mesma linha foi este articulista quando opinou sobre a inconveniência de uma nova intervenção militar nos tempos atuais, mas sem deixar de render homenagens àqueles que outrora impediram que virássemos uma Cuba de dimensões continentais.

Mas é claro que a Rede Progressista de Televisão, para não perder o costume, precisaria caracterizar os protagonistas de seu mais novo seriado, ambientado durante os anos 1970, como abnegados que buscavam a “redemocratização” do país a qualquer custo – ainda que, para isso, instaurassem a famigerada “ditadura do proletariado”, como alguns socialistas menos cara de pau admitiram em tempos recentes.

Nenhuma chance, claro, de uma argumentação séria e calcada em fatos reais. Em vez disso, a ladainha totalmente enviesada à esquerda repetida à exaustão a nossos estudantes pelo professores da rede pública. Permeia a obra televisiva apenas a velha e surrada vitimização daqueles supostos jovens idealistas que lutavam  – a base de bombas e sequestros – por um Brasil mais parecido com a URSS. E assim vai o grosso da população brasileira sendo doutrinado enquanto apenas tenta usufruir de algum entretenimento após um longo dia de trabalho.

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O foco central do enredo, por certo, não trata diretamente da crítica à ditadura militar, mas sim do romance de um jovem casal apaixonado, conferindo contornos menos espinhosos à verdadeira peça de propaganda vermelha. E não poderia ser diferente após tantas décadas de dominação de ideologias coletivistas nas universidades – especialmente nos departamentos de Humanas -, quando os princípios  gramscianos e frankfurtianos tomaram conta de nossa produção cultural.

Antonio Gramsci e a Escola de Frankfurt idealizaram métodos diferentes de mobilização das massas: o primeiro pregava a “ocupação hegemônica dos espaços” (infiltração comunista nos meios acadêmicos e jornalísticos, assim como em outros ambientes intelectuais) e a segunda pregava a “revolução cultural” (mudança dos costumes e da moral nas relações familiares e sociais).

No entanto, ambos compartilhavam pontos em comum em suas diretrizes: 1) a luta de classes não se daria pelo método revolucionário; 2) a manipulação psicológica das massas era o objetivo primeiro; e 3) a implementação do programa socialista, que seria a finalidade última, dar-se-ia pelas vias institucionais do regime democrático, e não pela via insurrecional típica das revoluções.

No Brasil, os dois métodos de propagação do marxismo foram implementados juntos, de modo sincronizado, com grande sucesso – e continuam permeando nossa teledramaturgia.

E quando poderemos assistir a um filme ou a qualquer outra obra do gênero que trate do tema em questão com a devida seriedade e honestidade? Demanda para tal já há, sem dúvidas. Basta haver a iniciativa de pessoas da área e patrocínio – que certamente não virá da Lei Rouanet nem da Lei do Audiovisual; estas verbas estatais estão reservadas para personalidades como Kéfera e Luan Santana.

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De fato, os dias era assim, cinzas e incertos, e poderiam ter sido muito piores. Mas nem pense em ficar sabendo disso pelo plim-plim…

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O Jogo da Baleia Azul: um Crime contra a Família

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Virou (mais um) motivo de preocupação para os pais de adolescentes a disseminação em escala mundial de um jogo macabro que faria o Jigsaw ficar com inveja: uma espécie de sequência de desafios que culminam com o óbito (voluntário) do jogador. Ambientada nas redes sociais, este versão de “jogos mortais” da vida real instiga os competidores a automutilarem-se, contraírem doenças propositadamente, e, na derradeira fase, cometer suicídio.

Troca de mensagens sobre o jogo da balea azul

A “brincadeira” começou fazendo vítimas entre jovens da Rússia, e já há dois casos cujos indícios apurados pela investigação policial apontam claramente para a prática da “Baleia Azul” no Brasil. Em um deles, ocorrido no Mato Grosso, uma menina de 16 anos, a estudante Maria de Fátima da Silva Oliveira, tirou a própria vida saltando dentro de uma represa. Esta era a última “tarefa” determinada pelos sádicos virtuais.

O que mais chama a atenção nesses episódios é a obediência cega dos adolescentes aos criminosos, a ponto de se jogarem do alto de edifícios ou na frente de trens em movimento, sem pestanejarem e de bom grado. Jovens estes que, a contrario sensu, não costumam respeitar as ordens de seus pais.

No caso ocorrido em Vila Rica/MT, a mãe percebeu que a filha já não dormia direito e passava as noites acordada com o celular e o fone de ouvido, mas “não sabia o que fazer”. Causa estranhamento ela não ter simplesmente tirado o smartphone à força das mãos da mocinha e dado de dedo em sua cara para que fosse dormir de uma vez. Por que será que ela não tomou esta atitude ou empreendeu outra ação corretiva similar – o que seria de se esperar de progenitoras de tempos passados?

Ora, procedimentos como este não são admitidos em nossa sociedade onde o mundo inteiro (especialmente o Estado) dá pitaco em como devem ser criados nossos rebentos. A cultura dominante atualmente reza que não se pode chamar a atenção dos filhos por nada, pois qualquer coisa pode ser enquadrada como “opressão paterna”; não se pode, em absoluto, contrariar os desejos dos “senhorezinhos”, pois seria bullying caseiro – distorcendo por completo o real significado da palavra.

Os pais são, destarte, convertidos em amiguinhos dos filhos, criando um vácuo de autoridade, que acaba por ser preenchido por qualquer pessoa mal intencionada que se apresente.

Posso lhes afirmar sem medo de errar: eu não entraria neste jogo, em meu tempo de púbere, pelo simples fato de que, se eu aparecesse em casa com qualquer sinal de mutilação deliberada, meu pai “terminaria o serviço” com a bainha do facão e me deixaria de castigo sem jogar bola na praça pelo resto do mês. Valeu, pai! Muito embora, por certo, hoje o senhor seria tachado de “fascista” pelos pseudo-educadores cuja opinião ninguém pediu.

O resultado desta insubordinação generalizada entre pais e filhos é uma geração frágil, que vitimiza-se por tudo e sujeita-se a este tipo de comportamento doentio. Como qualquer desvio de suas vontades é motivo de desespero, gera-se uma linha muito tênue entre a felicidade e a depressão: se tudo está como a pessoinha quer, felicidade irrestrita, a vida é bela, selfies em profusão no Instagram; se, todavia, qualquer tipo de apreensão, tristeza ou desilusão entrar no circuito, já é motivo suficiente para lançar mão da Gillette e da banheira. Nonsense total.

Uma boa maneira de combater esta ameaça: alocar parte do tempo das crianças e adolescentes na prática de esportes, escotismo e atividades afins que lhes arranquem, vez por outra, do quarto e do Wifi.

Afinal, só no mundo virtual é possível morrer e começar do zero de novo. Perder contato com o mundo real, portanto, contribui muito para cair nesta armadilha. Cortar a grama e lavar a louça, neste cenário, tornam-se ótimos antídotos contra estas doenças psicológicas da era moderna – efeito contrário ao provocado por seriados como 13 Reasons Why, que tratam suicídios de jovens com naturalidade demasiada, criando uma áurea cool, uma espécie de fetiche sobre este lastimável procedimento.

Em suma: viver 24/7 em um universo de faz-de-conta apartado da realidade fortalece o relativismo moral, uma vez que os conceitos de certo e errado somente encontram fundamento no mundo físico, onde as consequências nefastas de certos atos podem ser constatadas, visualizadas pelos aprendizes de adultos.

Por fim, o recente enfraquecimento da religiosidade e da fé retirou de inúmeras pessoas a perspectiva do significado da existência. Buscar no racionalismo respostas para perguntas tais quais “de onde viemos” e “para onde vamos”, em um estágio da vida onde ainda não usufruímos da estrutura psicológica necessária para encarar determinadas verdades,  é um convite à loucura precoce.

Ou seja, esta mistura explosiva de libertinagem dos filhos com afastamento do mundo real mais a ausência de uma crença espiritual abre caminho para que facínoras como esses que promovem o jogo da Baleia Azul convençam jovens a causarem danos a si próprios e a, no limite, tirarem a própria vida – ainda que tão somente para demonstrar a seu grupo de “amigos” sua coragem de aderir a esta maluquice.

Depende tão somente dos próprios pais, portanto, blindar seus pupilos, na medida do possível (e do permitido pelas leis que interferem na criação e pela cultura antidisciplinar em vigor), contra este tipo de investida diabólica. Nada que umas palmadas e uns esporros quando necessário, ensiná-los a lavar o carro e a responsabilizar-se pelo cachorro, mostrar-lhes como é bom empinar pipa e andar de bicicleta,  e matriculá-los na catequese não possa resolver. Dar amor e carinho é tão importante quanto mostrar o rumo correto, ainda que seja preciso conduzi-los pelas orelhas e aos prantos. Ossos do ofício paterno.

Ações essas simples e eficazes contra cruéis sociopatas ávidos pelo sofrimento alheio, que buscam suprir e compensar frustrações suas, e ainda contando com o anonimato como aliado – não esquecendo que nossas forças de segurança ainda não conseguem interceptar comunicações efetuadas via Whatsapp, o qual permanece sendo território livre para incorrer em crimes e sair ileso, em nome de uma suposta liberdade de expressão. Um trade-off (ou seja, ceder um pouco de um direito para ganhar em outro) cairia aqui como uma luva, reduzindo a sensação de impunidade destes cyber-bandidos.

Se você achava que ser processado pelo próprio filho poderia ser o maior dos seus problemas, eis que aparecem ameaças como estas para mostrar que a série Black Mirror é bem mais realista e menos fantasiosa do que possa parecer.

Pobre geração Baleia Azul, que não conhece a alegria de jogar Salada Mista!

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O Leito de Morte não é o Melhor dos Conselheiros

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O depoimento de uma enfermeira australiana sobre sua convivência durante anos com pacientes sob cuidados paliativos (desenganados pelos médicos) despertou atenção mundial há cerca de dois anos. Ela publicou um livro intitulado “Antes de partir: uma vida transformada pelo convívio com pessoas diante da morte”, no qual descreve como sua vida foi transformada pelo contato com os arrependimentos dos doentes terminais dos quais cuidou.

Ao descrever os relatos daqueles que experimentavam suas últimas semanas entre nós, Bronnie Ware lista algumas constrições destas pessoas – as coisas que elas, munidas do conhecimento adquirido no limiar da existência terrena, gostariam de voltar no tempo para corrigir e fazer diferente.

Os leitores da obra, naturalmente, tendem a concluir que devem fazer uso destes derradeiros desabafos em benefício próprio, praticando as lições aprendidas por aqueles que já estão, em parte, desconectados de nosso atribulado cotidiano – e que, em tese, possuem melhores condições da avaliar, do alto de sua indesejável (mas libertadora) conjuntura, o que valeu a pena ou não em suas jornadas.

Mas há um problema conceitual muito grave nesta análise feita no epílogo da vida, neste ato de passar a limpo todos os atos pretéritos ao concluir nossa trajetória corpórea: o fato de que, em tais circunstâncias, o autor da reflexão não mais precisa preocupar-se com o maior tormento da humanidade – qual seja, a escassez.

Nossos desejos e demandas são infinitos; a possibilidade de tê-los atendidos é limitada. Não há como fugir de tal realidade, a menos, justamente, que já tenhamos virado a esquina do falecimento. Enquanto há esperança de seguir respirando por tempo indeterminado, portanto, não há como desprezar a necessidade indefectível de despender boa parte do tempo que nos cabe neste corpo humano buscando a subsistência (nossa e daqueles que de nós dependem).

Vejamos os cinco principais desgostos (convertidos em conselhos) manifestados por pessoas no leito de morte, transcritas no livro supracitado, e ponderemos, pois, sobre a real chance de incorpora-los, ipsis litteris,  ao modo de viver das pessoas comuns. Mais: vejamos se não há uma boa dose de exagero e até, pode-se dizer, de ingratidão com a evolução dos índices de desenvolvimento humano registrados nos últimos 200 anos.

Gostaria de não ter trabalhado tanto

Difícil discordar aqui. Poder usufruir de mais tempo disponível para as coisas boas da vida, desde viajar até apenas ficar de papo para o ar, é presença constante nas listas de realizações pessoais. Todos fazemos parte, felizmente, de uma geração privilegiada, a qual, graças ao sacrifício de nossos antepassados, que produziram, acumularam e nos transmitiram riqueza, pode se dar ao luxo de dedicar menos horas trocando nosso trabalho pelos bens que precisamos para sobreviver.

Nas últimas décadas do século XIX, a jornada semanal de labor era de, em média, 61 horas (alguns precisavam encarar de 70 a 80 horas no batente).  Atualmente, nos países mais ricos, ela é de 34 horas (43,5 no Brasil).

À medida que os investimentos em capital — isto é, em máquinas, equipamentos e instalações mais modernas — levaram a um aumento na produtividade marginal dos trabalhadores ao longo do tempo, foi possível que uma quantidade menor de trabalho gerasse os mesmos níveis de produção.

E na proporção que a concorrência por mão-de-obra foi se tornando mais intensa, vários empregadores passaram a competir pelos melhores empregados.  E esta competição se deu de duas maneiras: oferecendo salários maiores e horas de trabalho menores.

Ou seja, já foi muito mais difícil atingir este objetivo. Nossos tataravós (que, por certo, proferiam este lamento com bem mais frequência em suas partidas deste mundo) nos deixaram de legado os meios para produzirmos o que precisamos (especialmente seu know-how) sem “ralar” tanto quanto eles, e é nossa missão, portanto, deixar herança semelhante a nossos filhos e netos (sempre lhes recordando, todavia, que nada disso caiu do céu). Mas dar este presente aos brasileiros do futuro só será possível se…trabalharmos mais e, principalmente, melhor.

Eis aí o paradoxo que nos desafia: trabalhar menos só é possível após longos períodos trabalhando mais e aprimorando nossos processos produtivos – seja considerando um único indivíduo, seja nos tomando como nação ou espécie humana.

Eu queria ter mantido contato com meus amigos

Isso já foi uma tarefa bem mais árdua no passado também. Afastar-se de alguém querido era quase sinônimo de passar a desconhecer seu paradeiro. Vê-lo novamente em carne e osso seria pouco provável. Conversar à distância menos ainda. Sequer se estava vivo ou morto era dado saber.

Até que começam a surgir os serviços de envios de telegramas e cartas (com a possibilidade de enviar fotos impressas nelas), acompanhados da popularização da telefonia fixa e móvel, seguidos, na sequência, pelo advento da internet e seus aplicativos de trocas de mensagens e de conversa via áudio ou vídeo.

As redes sociais, a seu turno, vem a permitir até mesmo rastrear por onde andam os conhecidos e manter-se atualizados sobre suas vidas – às vezes até demais, é verdade.

Melhor: os meios de transporte coletivo evoluem sobremaneira e encurtam as distâncias entre as pessoas, a preços pagáveis até por cidadãos de menor renda (e deve melhorar em breve). Isso para não falar do Uber e o “empoderamento” daqueles que não tinham como pagar as caras corridas de táxi.

Ou seja, está muito mais fácil hoje passar mais tempo (em presença física ou virtual) com os amigos e familiares, ainda que eles vivam em cidades longínquas. É tudo uma questão de prioridade – ou de querer, em português claro.

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Eu queria ter tido coragem de expressar meus sentimentos

Aqui a situação fica mais complexa. Por um lado, temos uma superexposição de pontos de vista “permitidos” pela cartilha politicamente correta, especialmente através da internet e seus “especialistas de Facebook”; por outro, temos visões de mundo proibidas por este mesmo censor.

Ou seja, ter coragem de expressar sentimentos só é um atributo indispensável se você for um conservador ou um liberal. Caso sejas um “progressista”, será estimulado a todo instante a emitir suas opiniões e “abrir o peito” falando sobre tudo o que pensa sem pestanejar. Na verdade, é provável que você diga até mesmo coisas que não pensa, apenas para se enquadrar no primeiro grupo e ficar livre da patrulha que (na prática) odeia diversidade.

Quanto a expressar sentimentos de afeto por outras pessoas, talvez este seja um problema no país de origem da autora, mas não no Brasil – nem de longe. Aqui, em verdade, o pêndulo extrapolou para o outro lado, e qualquer “bom dia” pode ser respondido com um “eu te amo”, desvirtuando e tirando por completo o significado de expressões do tipo.

Há pessoas que afirmam categoricamente terem milhares de amigos amados, ou seja, vê-se que o conceito de amigo e pessoa querida foi esticado a ponto de abarcar qualquer um. Pior que deixar de expressar sentimentos, portanto, é expressar sentimentos falsos apenas para pagar de popularzão. Talvez isto atormente ainda mais o moribundo.

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Eu queria ter vivido uma vida fiel a mim mesmo, não ao que os outros esperavam de mim

Podemos separar esta “fidelidade a si mesmo” em duas facetas: trabalho e vida amorosa.

O estágio atual atingido pela divisão do trabalho, visando a especialização e a redução dos custos em escala, aliado ao avanço da tecnologia, deram origem a profissões até pouco atrás inexistentes, aumentando a probabilidade de que cada pessoa se encaixe perfeitamente em um determinado ofício – não importando o sexo.

Some-se a isso o fato de que, há não muito tempo, se fazia necessário que todos os membros de uma família (incluindo os filhos pequenos) trabalhassem para garantir seu sustento. Ainda que alguém do grupo fosse dotado de um talento diferenciado, dificilmente ele seria descoberto e lapidado, pois estudar era um luxo para muitos.

Não mais: agora boa parte dos jovens em idade escolar estão estudando (só não me pergunte o quê), podendo ser direcionados para ocupações condizentes com seus dons naturais.

Em relação à vida sentimental e à sexualidade, jamais houve, em nosso hemisfério Ocidental, tamanha liberdade para escolha (por vezes confundida com libertinagem). Na verdade, qualquer mísera dúvida ou confusão da criança ou do adolescente, em relação a seu comportamento e a suas preferências, já tem se mostrado suficiente para convencê-los de que são homossexuais ou transgêneros – sem chance de contraditório. Talvez aí é que resida o verdadeiro problema – ao contrário do que  costuma compreender o senso comum.

Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz

Bom, aí é tudo uma questão de valorizar as chamadas pequenas coisas da vida mesmo. Por mais clichê que possa parecer tal frase, cada vez mais é notável que vidas “chatas e enfadonhas”, cuidando da família e do papagaio, são desprezadas em nome de “viver la vida loca“, redundando em altos índices de depressão experimentados por pessoas que buscam um ideal de felicidade distorcido e inatingível.

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Conclusão:

Se você sentir que precisa aproveitar mais ou de forma diferente sua vida, a fim de evitar arrependimentos durante seus últimos suspiros, não jogue tudo para o alto, pois vai cair na cabeça de alguém – possivelmente algum familiar (o pai do Filho Pródigo da parábola que o diga); virar hippie não é tão fácil ou agradável quanto parece; chutar o pau da barraca porque “a vida é curta” pode dar dor no pé;

Faça transições dentro da velocidade que as circunstâncias permitirem, sem desespero –  o anjo da morte não está olhando por cima do seu ombro (possivelmente o anjo da guarda lá esteja); pense nas consequências deste processo para aqueles que o cercam;

Se precisar de mais dinheiro para tais mudanças, trabalhe e poupe, ou estude e persiga profissões mais bem remuneradas; corra atrás das condições necessárias, e não as exija de ninguém;

Se durante tais esforços pensando no longo prazo você abotoar o paletó de madeira, paciência, mas é fato que o amanhã sempre chega para 99.998% de nós (basta observar a expectativa de vida mundial crescente), então tenha razoável certeza de que irá colher os frutos de seus planejamento e dedicação; na pior das hipóteses, seus filhos farão a colheita por você, e estará (muito) bem justificada sua empreitada.

Por fim, reflita bem se sua vida é tão ruim assim quanto parece ser – ou quanto tentam te convencer que é. Pode ser que o seu  filme (aquele que dizem passar diante dos olhos) seja mais bonito do que você imagina…

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A Lei Maria Eduarda prova que boas intenções não bastam

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O morte da menina Maria Eduarda já havia suscitado polêmica em função das perícias inconclusivas em relação à autoria dos disparos que a vitimaram. A comoção provocada pela tragédia, todavia, ainda pode dar origem à uma medida totalmente descabida solicitada às autoridades em meio às lágrimas – e sem pensar muito nas consequências:

Familiares da menina Maria Eduarda foram recebidos na manhã desta sexta-feira (7) no Palácio Guanabara com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. Aos 13 anos, ela foi morta dentro da Escola Daniel Piza, no dia 30 de abril, durante confronto entre policiais e traficantes. A Pezão, os parentes pediram o fim de incursões policiais na hora da aula, entre 6h e 18h, através de uma lei chamada Maria Eduarda.

Como a tramitação pode demorar, os familiares pediram que as operações policiais sejam canceladas por determinação do governador num raio de até 3 quilômetros de escolas, durante o horário de aula.

Eis aí um bom exemplo de como as boas intenções não são suficientes para resolver problemas complexos como a violência urbana. A entrada em vigor de uma hipotética lei com este teor transformaria os entornos das escolas em verdadeiros safe spaces da bandidagem. O bichou pegou? Corre para perto do colégio! Este seria o novo mantra dos marginais no Estado do RJ. Tal qual fugitivos tentar cruzar a fronteira entre países para escapar de perseguições policiais, aqui eles correriam para as salas de aula.

Ou seja, restariam inviabilizados por completo os cumprimentos de mandados de prisão, busca e apreensão durante o dia. Aliás, não seria má ideia para os traficantes transferir todas as suas “operações comerciais” para dentro do perímetro protegido contra a ação da polícia em horário escolar.

Além disso, como vários destes círculos de três quilômetros de raio acabariam por tangenciar um ao outro, formando um espécie de bolsão de impunidade (além do habitual) nos turnos da manhã e da tarde, todas as demais atividades econômicas nestas regiões seriam comprometidas, uma vez que elas virariam verdadeiras “Terra de Marlboro”, afugentando clientes e impedindo o acesso dos funcionários. Até mesmo morar perto de uma escola acabaria se tornando um grande risco, desvalorizando todas as residências ali localizadas.

E como o único turno que sobraria para realizar operações nestas áreas “protegidas” seria o noturno, certamente o trabalho da policia passaria a concentra-se a partir do por-do-sol, tornando a noite um horário de caça aos bandidos, fazendo com que nenhum cidadão honesto tenha coragem de por o pé para fora de casa sem ser à luz do dia.

Diante do novo cenário, a vida de criminosos sabedores que estão na mira das autoridades restaria bastante facilitada, pois bastaria recolher-se a seus covis até o nascer do sol (amparados pela inviolabilidade do domicílio), quando, então, voltariam a contar com o verdadeiro “campo de força” contra a polícia gerado por tal diploma legal.

E se precisar encarar algum homem de farda entre 6 e 18 horas, pode descer o dedo que, com certeza, não haverá chumbo de volta, graças ao salvo conduto conferido a quem infrinja a lei próximo aos colégios. Por fim, até onde se sabe, um grande número de escolas oferece aulas à noite. Estes alunos não contariam com a suposta garantia de segurança para estudar?

Pior: se os diretores do colégio precisarem chamar a polícia durante o dia para socorrê-los e a seus alunos, os agentes de segurança não poderão disparar contra os meliantes? E a mesma questão se levanta em relação aos moradores do bairro escolar: só poderão ligar para o 190 depois das seis da tarde? Serão cidadãos de segunda classe, tolhidos do direito constitucional (teórico) à vida?

Não há solução mágica para o verdadeiro caos da segurança urbana que assola o Brasil. Endurecimento das leis penais, manutenção de indivíduos perigosos fora do contato com a sociedade ordeira, melhor preparação e remuneração para policiais: nada disso pode ser substituído por uma canetada do governador ou do legislativo – por mais que as intenções sejam ótimas.

BANDIDOS

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MTV acerta sem querer: vai premiar melhor performance independente do sexo

Já dizia o ex-jogador de futebol Dadá Maravilha: “não existe gol feio; feio é não fazer gol”. A partir daí, deduz-se que até gol marcado sem querer é bonito, e deve ser celebrado com entusiasmo. E é com base nesta lógica que torna-se possível comemorar uma mudança de paradigmas recente da MTV, a qual , a partir de agora, irá desconsiderar o sexo dos candidatos ao premiar, em sua cerimônia realizada anualmente, os melhores trabalhos na televisão e no cinema.

Claro que a emissora estava pagando pedágio ideológico à patrulha politicamente correta quando tomou esta atitude, mas o resultado certamente fortalece os argumentos daqueles que afirmam o óbvio há tempos: para os consumidores, não interessa quem produziu o bem que satisfaz sua demanda.

Veja

Um espectador que senta no sofá de casa ou na poltrona do cinema busca, basicamente, sentir emoções: alegria, nostalgia, apreensão ou até medo. E o desempenho dos atores é peça essencial neste processo que transporta o cidadão comum para outros ambientes e mundos. O canastrão vai frustá-lo; aquele que interpreta o personagem com afinco, quase encarnando outra pessoa durante aquelas poucas horas de olho grudado na tela, irá corresponder às suas expectativas.

E aí impõe-se a questão: que diferença faz se esse profissional talentoso, que vai fazer valer a pena o preço da entrada, for homem ou mulher? Absolutamente nenhuma. Ninguém vai chorar mais ou menos no filme melodramático a depender do sexo do protagonista. Atuar em produções de teledramaturgia não é, afinal de contas, comparável à prática esportiva, onde a constituição corpórea dos envolvidos influencia (e muito) no resultado final entregue aos “clientes” – cabendo, aí sim, a separação em categorias distintas.

Ou seja, homens e mulheres não são iguais, mas o fruto de seu trabalho pode ser. Aliás, é possível que uma mulher gere mais valor do que seus pares homens de uma determinada empresa – como aconteceu com a lutadora Ronda Rousey, uma das atletas mais bem pagas do mundo. Uma repórter a indagou a respeito, certa feita, e recebeu em retorno uma aula relâmpago sobre “igualdade salarial”:

Ouviram o que disse a americana? Os organizadores do evento não lhe remuneram bem porque querem empoderar as mulheres, mas sim porque ela atrai muitos fãs e patrocinadores. Simples assim.

E assim deve proceder o setor de recursos humanos de todo empreendimento que não queira vir a falir: contratando e demitindo em função do mérito, e não levando em conta se o empregado ou candidato usa saia ou calça.

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Empresas de cultura machista tendem a ficar entupidas de homens incompetentes e a perder ótimas trabalhadoras para a concorrência. E o inverso vai acometer aquelas que, para agradarem turbas feministas barulhentas, fizerem uso de cotas por “gênero”. Só quem perde com tais presepadas, no curto prazo, é o consumidor dos bens por ela ofertados. No longo prazo (em um livre mercado, bom que se diga), a insolvência é o destino certo.

É possível pensar em exemplos práticos bem corriqueiros desta conjuntura: se sua pizza estiver gostosa, é relevante se o pizzaiolo é homem ou mulher? Se seu vôo foi seguro e confortável, faz diferença se quem estava no cockpit usa batom ou bigode? Se o filme foi emocionante, importa o sexo dos atores principal e coadjuvantes? E o mesmo aplica-se a todas as demais famigeradas “minorias oprimidas”.

Aí está o acerto involuntário da MTV: seu prêmio deve ser entregue nas mãos do dono da melhor interpretação, independente de qualquer outro fator. Mulheres, portanto, não devem ser inimigas de sua principal aliada em seu processo de emancipação na sociedade: a busca por produtividade e lucro – como bem explica a jornalista Trish Regan Intel:

E o mesmo raciocínio deve ser aplicado a qualquer atividade humana, inclusive no meio acadêmico. Instituições de ensino que agraciam com bolsas ou cargos de monitoria seus melhores estudantes devem selecioná-los baseadas unicamente no currículo escolar, sem considerar quaisquer outros condicionantes, como “raça” e demais supostos handicaps  (vantagens e desvantagens dos indivíduos).

Este tratamento isonômico é benéfico para todos, homens e mulheres. E corrobora com esta constatação o fato de que os países mais pobres do mundo, e que atravessam graves crises humanitárias, são, em sua maioria, nações assoladas por dois flagelos impiedosos: governos centralizados intervencionistas e teocracias islâmicas. Quando a quase totalidade da população professa uma fé que exclui as mulheres por completo de qualquer chance de protagonismo, fica complicado evoluir e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Se assim fosse nos Estados Unidos, quisá eles sequer tivessem logrado levar o homem ao espaço, posto que tal façanha contou com colaboração decisiva de cientistas do sexo feminino.

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É possível, todavia, vislumbrar um problema no horizonte da comissão julgadora da MTV: quando começarem a cobrar mais nomeações e estatuetas para mulheres, tal qual o fiasco promovido por Spike Lee em 2016. Em tempos de cotas para homossexuais em concurso público (às favas o princípio da eficiência da administração pública), não é de se duvidar que irrompam protestos contra o “sexismo cinematográfico”.

Mas, por ora, é razoável afirmar que aqueles que insuflaram tal alteração procedimental na emissora marcaram um gol contra suas ideologias birrentas, visto que suscitaram este importante debate. Se soubermos canalizar as discussões no sentido correto agora, vai ser só correr para a torcida depois.

E o Oscar de melhor amigo das mulheres vai para…o capitalismo!

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Ser Conservador é viver entre dois fogos

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Uma briga desenrola-se entre dois amigos que se desentenderam, bem na sua frente. Qual a pior atitude a ser tomada neste caso? Exato: tentar separá-los. A galera do “deixa disso”, neste processo de apartar a rusga, normalmente acaba apanhando mais do que os contendores da disputa. O mais prudente, nestes casos, é escolher o lado certo – ou menos errado – e ajudá-lo a bater no oponente, para que a outra parte desista logo do confronto, encerrando o conflito.

Esta é a forma mais acertada de agir pensando nos benefícios de curto prazo – e em manter os próprios dentes na boca. Mas não é esta a prática usualmente adotada por conservadores diante das disputas recorrentes entre estatistas (de esquerda ou de direita) e libertários, ou ainda entre esquerdistas (ombreados com libertários) contra religiosos fervorosos e demais apegados imoderadamente a regramentos de conduta. Sua postura mediadora gera riscos de vaias e tomates podres advindos de ambas as partes. Ossos do ofício de quem busca apaziguar exaltados.

Se o assunto é economia…

De um lado do ringue, os que advogam “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado” (a UBER que o diga), professando que o bem-estar social deve ser buscado incessantemente pelos governos e suas deficitárias empresas públicas (ainda que a custo de muita tributação e irresponsabilidade fiscal), assim como o pleno emprego, a educação para todos e até a felicidade geral da nação, pois a ganância daqueles que visam o lucro só seria capaz de gerar desigualdades e aprofundá-las – justificando, destarte, intervenção estatal em toda e qualquer atividade humana.

No extremo oposto, aqueles que acreditam que somente a liberdade, a ordem espontânea do livre mercado, as trocas voluntárias e o princípio de não agressão seriam suficientes para produzir  tudo o que for demandado pelos indivíduos e para que todos vivam em harmonia, tornando desnecessária em absoluto a atuação do Estado, que poderia perfeitamente fechar as portas sem nenhuma consequência negativa. Até mesmo as forças de segurança estatais seriam desnecessárias para alguns deles, inclunindo aí o policiamento de fronteiras – aliás, a própria legitimidade deste controle da circulação de mercadorias e pessoas entre nações seria controversa em sua visão de mundo.

E daí aparece o conservador chato para dizer que nenhum dos dois está totalmente correto. Que imposto não é crime, mas tributar demais é imoral e trava o desenvolvimento econômico. Que o Estado precisa desempenhar aquelas atividades que o sistema de concorrência e a iniciativa privada não logram executar sem prejuízo para determinados segmentos da população, mas deve procurar não avançar sobre setores produtivos totalmente desvinculados de sua tarefa primordial de preservar direitos negativos – garantias fundamentais as quais não podem ser violadas por terceiros, assegurar o cumprimento de contratos, e por aí vai.

O posicionamento do conservador, neste mister, não é nem de longe o mais confortável. Puxar toda a coberta para um lado ou para o outro é muito mais fácil do que analisar caso a caso. Diante de uma situação concreta qualquer, pessoas de inclinação estatizante dirão que deve ser criada uma secretaria ou um ministério para cuidar do assunto, e que aquilo deve ser regulado por leis, seja lá do que estivermos falando; já os adeptos do libertarianismo irão propor o contrário: que o Estado se retire por completo de cena e deixe que o entendimento entre os cidadãos dê conta do recado, não importa o tema em debate. Simples assim.

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Apostar no “tudo ou nada” é bem mais tranquilo, pois, do que se arriscar a afirmar o que deve ser feito ou não pelo Estado, e como deve ser feito, se for o caso – sempre ancorado no conjunto de regras não escritas e partilhadas por aqueles que serão afetados pelas decisões tomadas. Não há, portanto, receita de bolo que possa ser reproduzida por todos os povos e em qualquer período histórico considerado, e irá influenciar neste processo decisório de forma muito importante a sua cultura – ou seja, o complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelos seres humanos.

Vale dizer: ainda é preciso levar em conta que, eventualmente, um determinado grupamento de pessoas ligadas por laços de origem ou  de qualquer outra espécie, em um dado momento de sua trajetória, pode vir a decidir que o melhor para si é delegar um número maior de funções aos entes estatais, seja por que motivos for (durante guerras, catástrofes climáticas ou outros distúrbios  do gênero como exemplo); ou ao contrário: que chegou a hora, que foram atingidas as condições, que o ideal a partir dali é privilegiar o Laissez-faire, a liberdade econômica quase que irrestrita.

Diferentes conjunturas, então, podem provocar distintas guinadas ideológicas no decorrer do tempo, não sendo estanque, de forma alguma, os rumos assumidos por uma dada população, visto que fatores e eventos inesperados podem alterar o inconsciente coletivo para um lado ou para o outro – conforme ora constatamos no Brasil, onde o estatismo perde espaço para o liberalismo clássico.

Ainda corre-se o risco, neste processo, de soar autoritário especificar o que deve ser privatizado ou não. Mas não há outra saída: o Estado deve ser mínimo (e nenhum conservador ousaria discordar disso, fato facilmente comprovável pelo teor de obras clássicas como The Attack on Leviathan, de Donald Davidson, a qual critica governos centralizados e obesos). E se os conceitos de mínimo e máximo são subjetivos e pendem para cima ou para baixo a depender de quem opina, é natural que surjam divergências durante a definição da abrangência e do tamanho da máquina estatal que poderá atender aos anseios e necessidades daquela sociedade naquele instante, e o máximo para João poderá, sim, ser o mínimo para Pedro. Fugir do debate correndo para as extremidades, todavia, não resolve o problema.

Pior: depois de criado um órgão estatal, é sempre complicado extingui-lo após esgotada sua serventia, e nunca será empreitada das mais fáceis impedir que ele irradie seus tentáculos para além daquilo para o qual foi concebido. Ainda assim, é preferível assumir o encargo da vigilância constante do que simplesmente jogar séculos de tradição na lata do lixo e fazer tábula rasa de tudo que foi construído por nossos antepassados na área administrativa, apenas em nome de uma pretensamente benéfica autodeterminação incondicional dos indivíduos.

E se o assunto é cultura…

No córner vermelho, defendendo uma agenda muito semelhante, estão libertários e esquerdistas. A maioria de suas vertentes considera que o comércio de entorpecentes e o aborto não devem ser proibidos pelo Estado, apenas diferindo aqui os motivos: aqueles não admitem coerção estatal de qualquer espécie contra atitudes suas que, segundo os quais, não afetam negativamente a mais ninguém; e esses recusam-se a submeter-se à “moral burguesa”, para resumir. No mesmo sentido, o modelo de família tradicional não goza de tão boa reputação junto a esses grupos, sendo ela tão somente, em sua análise, apenas um dos inúmeros arranjos sociais possíveis de serem formados – para dizer o mínimo -, não sendo merecedora de tratamento diferenciado pela legislação. Costumam ser ateus convictos.

No córner azul, estão, via de regra, seguidores de religiões cujos preceitos vão no rumo contrário, condenando o sexo antes do casamento e o uso de pílulas anticoncepcionais, qualquer relação que não seja heterossexual e proibindo até mesmo o consumo de uma cervejinha. São, normalmente, praticantes de credos evangélicos e do catolicismo, uma vez que o número de muçulmanos no Brasil ainda não é significativo  (mas os ditames da lei da Sharia são bem piores do que obedecer ao pastor da igreja ou ao Papa, pode ter certeza).

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E tomando porrada dos dois lados, para não variar, estão os conservadores. Afinal, eles não querem voltar a viver como na década de 1950, com o pai da moça sentando no sofá entre ela e o namorado, mas também não acham muito salutar que o ser humano seja reduzido a suas funções fisiológicas, que não sejam estabelecidos quaisquer espécies de limites para as vontades e desejos humanos – ao menos não sem que isso descambe, inevitavelmente, para a atual febre de estupros coletivos, casos de pedofilia, gravidezes precoces e abortos a rodo, famílias desestruturadas, mães solteiras, pais ausentes,  filhos crescendo sem a assistência necessária, cracolândias, depressão e suicídio aos montes.

Convém enfatizar que tais freios aos instintos não devem ser impostos pelo Estado (exceção feita ao tráfico de drogas pesadas e ao aborto), mas devem, sim, ter sua importância transmitida de uma geração para outra, sendo ensinados como comportamentos positivos, como valores a serem cultivados, especialmente (mas não somente) por pai e mãe – resguardado seu direito, portanto, de não concordar que a escola onde o filho estuda ministre conteúdo inadequado para os menores.

A observação de tais praxes, portanto, deve ser facultativa, mas as benesses delas advindas devem ser sempre ressaltadas, especialmente aos mais jovens, com seus hormônios em profusão e muito suscetíveis a pensar que viver é seguir sempre para onde os impulsos apontam.

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Veja que, uma vez mais, tal postura é a menos confortável possível: um dos lados diz que pode tudo (exceto, no caso da esquerda, o que for vetado pelo politicamente correto); o outro, que não pode quase nada – sob o risco de ir parar no inferno; e o conservador diz “depende”.

Ingerir fumaça é ato reprovável? Depende se for um cigarro de tabaco ou um cachimbo de crack. E tratar de questões sexuais? Depende se for entre adultos ou com crianças de 10 anos. Existe certo e errado? Depende se você pensa no futuro ou apenas nos próximos cinco minutos, “como se não houvesse amanhã”. Preconceito é ruim ou bom? Depende: alguns tipos podem até salvar sua vida, como ensina Theodore Dalrymple. Portar armas de fogo na rua deve ser permitido? Depende do contexto; no atual, com certeza. Homens e mulheres são iguais? Em alguns aspectos sim; em muitos outros não. Preservar o meio-ambiente é importante? Depende: não sendo apenas um pretexto para brecar o capitalismo, sim. Acreditar em Deus é algo benfazejo? Geralmente sim, mas dependendo do seu grau de fanatismo, não.

E assim por diante. E aí já começam as celeumas. E a sina de ser chamado de chato segue firme e forte.

Vó

Mas de onde esses caras metidos tiram estas respostas? Em suma: das experiências concretas, vivenciadas, em especial, por aqueles que nos antecederam neste planeta. Como apregoava Edmund Burke, vivemos em uma associação entre os mortos, os vivos e os que estão por nascer, cujo princípio vinculativo não é um contrato, mas algo mais parecido com o amor.

O ser humano enxerga longe (perfaz façanhas incríveis) como nenhum outro animal, mas somente o faz porque sobe nos ombros de gigantes: nossos antepassados. Não será, pois, ignorando tudo que nos ensinaram nossos pais e avós, apenas para parecermos “descolados” e moderninhos, que iremos atingir níveis superiores de desenvolvimento.

Bem ao contrário, por sinal. Não há civilização sem seus três principais sustentáculos: estado de direito, filosofia e cultura (moral). E sem civilização, não há ambiente saudável, segurança jurídica e estabilidade social para o livre mercado florescer.

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Mas naquela situação simulada no primeiro parágrafo, da hipotética briga, se um conservador resolver sair do meio do fogo cruzado e tomar partido, com quem ele se aliaria mais facilmente? Certamente com libertários – aliás, não são poucos os que transitam entre o conservadorismo e o liberalismo clássico. E por isso cabe aqui destacar o comentário feito por Alexandre Borges, conclamando ambos, literalmente, à paz, logo após uma derrota acachapante de todos nós, povo brasileiro, para o stablishment político: a “taxização” dos aplicativos de transporte aprovada na câmara dos deputados.

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Portanto, conservadores, da próxima vez que lhes chamarem de chatos, feios e bobos,  fiquem sossegados: eu também pensava isso do meu pai quando ele vinha me dizer o que era certo ou errado – ali pelos meus 13 anos de idade. Seus detratores chegarão lá também, cedo ou tarde. E se apresentarem dificuldades para tal, recomendem alguns vídeos do escritor Bruno Garschagen.

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Marvel tenta “lacrar” e descobre: fãs de HQ estão “andando” para esse papo de minorias!

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Uma versão feminista para Thor, o deus do trovão (talvez mais máscula do que o próprio); uma adolescente negra empoderada estilo black power escalada  para vestir a armadura do homem-de-ferro; um novo homem-aranha mestiço (“biracial”, nas palavras da editora); uma muçulmana de origem paquistanesa (seria refugiada?) como a Capitã Marvel: tanta diversidade reunida tinha tudo para fazer bombar as vendas desses novos quadrinhos de super-heróis tão prafrentex, certo? A não ser, claro, que o grande público se revela-se tomado por “conservadores reacionários” e desse um desfalque violento no caixa dos roteiristas progressistas!

Marvel executive says emphasis on diversity may have alienated readers

Comics studio’s vice president of sales tells summit that some stores say people ‘have had enough’ of new female and ethnic minority characters.

É incrível como esse povo “descolado” (da realidade) não aprende nunca: cada vez que eles percebem que existe um mundo além de sua bolha apartada do senso comum, de seu safe space,  tomam um susto de cair o queixo. Quer dizer que foi surpreendente os leitores terem parado de comprar as revistas assim que elas viraram folhetim de proselitismo ideológico? Que coisa: para mim foi bem normal.

Afinal, o consumidor deste tipo de literatura de ficção busca identificar nos personagens basicamente uma característica: força incomum, seja qual for sua faceta, sua natureza. Ela pode manifestar-se como a inteligência de Tony Stark, os poderes exóticos de Peter Parker, as garras de Logan, os dons absolutamente sobrenaturais de Clark Kent. Enfim, ele quer ver indivíduos com capacidades acima da média das pessoas comuns. Em uma palavra: mérito.

Eis que os produtores, inadvertidamente,  jogam no colo do leitor uma dúzia de figuras automaticamente associáveis ao modorrento mimimi nosso de cada dia, nas quais é impossível passar os olhos sem remeter de pronto às ladainhas das minorias cantadas em verso, prosa e chatice rotineiramente (e que juntas totalizam 80% da população), esperando eles, em retorno, ouvirem aplausos efusivos. Tem como não trocar de gibi no ato reflexo? Só eles não sabiam disso, ao que parece.

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Mas claro que alegar que os clientes reagiram de forma “fascista” à novidade é bem mais fácil do que admitir o erro. Ou foi culpa dos eleitores do Trump, quem sabe, aqueles supremacistas brancos que preferem o clássico ao “diferente”. Se Moonlight levou o Oscar com sua tríade de bandeiras politicamente corretas, é inadmissível que o lucro destes produtores tão bem intencionados seja reduzido, ora.

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Talvez fosse o caso, pois, diante de tamanha opressão, pleitear junto ao legislativo uma regra similar ao “conteúdo nacional” dos cinemas brasileiros, uma cota para heroínas e heróis Nutella. Spike Lee já deve estar com o discurso ensaiado para encampar esta luta pela “igualdade”.

Onde já se viu o dono do dinheiro, o cidadão ordinário, ter a audácia de decidir ele próprio (quando chega na banca e escolhe o que vai comprar para ler), no lugar do “artista”, o que é bom ou ruim para si mesmo, qual entretenimento lhe agrada, o que é divertido ou não? A voz do povo, de fato, é a voz de Deus – desde que ela apenas sirva de caixa de ressonância do discurso daqueles ungidos pela sapiência, claro.

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Se a moda pega, uma versão desarmamentista do Rambo vai começar a enfrentar vietnamitas na base do diálogo (e sem xingar, pois palavras machucam), Batgirl vai engravidar aos doze anos e abortar aos seis meses de gestação, os zumbis vão virar veganos, os dragões serão levados semanalmente ao petshop e Robin vai alegar que é uma Mulher Maravilha em corpo de homem e fazer cirurgia de troca de sexo – e passará a usar nome social condizente com seu gênero. E caso um único personagem consiga reunir tudo isso em si mesmo, será mais poderoso que o Apocalipse.

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Tudo bem que a Turma da Mônica, de Maurício de Sousa, já vinha “engajando-se” nas causas igualitaristas ultimamente, mas quando até mesmo aqueles seres que, no nosso imaginário, eram capazes de fazer a Terra girar em sentido contrário começam a falar fino e comer pão sem glúten, aí a coisa foi longe demais, sem sombra de dúvidas.

Não tem jeito mesmo: esta guerra é cultural, e por isso, em 2018, é possível que apenas um herói possa nos salvar de ver certos vilões canhotos dominando a cena política – especialmente se Dória sucumbir aos caciques tucanos e não sair para Presidente.

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