O que o prefeito de Nova York, Ciro Gomes e Adolf Hitler têm em comum?

Separados por largas distâncias temporais, geográficas e circunstanciais, o que poderia vir a unir estes três personagens? Vejamos, pois, como cada uma dessas figuras proeminentes na política vê a relação entre Estado e mercado, para então identificarmos possíveis similaridades entre suas concepções a respeito do tema:

1) Bill De Blasio, prefeito de Nova York, em entrevista concedida em setembro do corrente ano a Chris Smith, jornalista do New York Magazine, quando perguntado sobre a melhor forma de reduzir a desigualdade de renda na big apple, saiu-se com essa:

O problema é que nossos sistema legal foi elaborado para favorecer a propriedade privada. Eu acredito que a maioria de nossos cidadãos, independente de sua inclinação política, gostaria que o governo pudesse determinar onde cada prédio seria construído, que altura ele teria, quem deveria viver nele, quanto custaria o aluguel.

Eu acho que há um impulso socialista em curso, que eu escuto todo dia, em todo tipo de comunidade, que deixa claro que as pessoas gostariam que as coisas fossem planejadas de acordo com suas necessidades. E eu gostaria também. Infelizmente, o que impede que isso aconteça são os direitos de propriedade. Eles é que direcionam o desenvolvimento da cidade.

2) Ciro Gomes, durante debate realizado na University of Oxford há pouco tempo, reafirmou uma vez mais sua descrença na capacidade do livre mercado suprir as necessidades dos consumidores sem gerar “injustiças” pelo caminho:

” (…) Isso é o capitalismo, o capitalismo é assim [empresas privadas envolvidas em escândalos de corrupção]. O que aconteceu em 2008 nos Estados Unidos? A fraude campeando, a esculhambação generalizada, roubalheira, tudo de fraudes, etc. Puniram as pessoas e salvaram a cara das empresas. A Volkswagen aqui na Alemanha entrou em um escândalo extraordinariamente grave, falsificando indicadores de poluição. (…) e eu não quero estatizar estas empresas. Eu prego o controle social, o fim da ilusão moralista. Existem mil caminhos de controle. (…)”

3) Adolf Hitler, durante todo o período no qual o Nazismo ditou as regras na Alemanha, instituiu um regime de controle da economia que subjugava os interesses privados aos imperativos estatais, conforme explica Ludwig Von Mises:

Na Alemanha de Hitler havia um sistema de socialismo que só diferia do sistema russo na medida em que ainda eram mantidos a terminologia e os rótulos do sistema de livre economia. Ainda existiam “empresas privadas”, como eram denominadas. Mas o proprietário já não era um empresário; chamavam-no “gerente” ou “chefe” de negócios (Betriebsführer).

Todo o país foi organizado numa hierarquia de führers; havia o Führer supremo, obviamente Hitler, e em seguida uma longa sucessão de führers, em ordem decrescente, até os führers do último escalão. E, assim, o dirigente de uma empresa era o Betriebsführer. O conjunto de seus empregados, os trabalhadores da empresa, era chamado por uma palavra que, na Idade Média, designara o séquito de um senhor feudal: o Gefolgschaft.

E toda essa gente tinha de obedecer às ordens expedidas por uma instituição que ostentava o nome assustadoramente longo de Reichsführerwirtschaftsministerium (Ministério da Economia do Império), a cuja frente estava o conhecido gorducho Goering, enfeitado de jóias e medalhas.

E era desse corpo de ministros de nome tão comprido que emanavam todas as ordens para todas as empresas: o que produzir, em que quantidade, onde comprar matérias-primas e quanto pagar por elas, a quem vender os produtos e a que preço. Os trabalhadores eram designados para determinadas fábricas e recebiam salários decretados pelo governo. Todo o sistema econômico era agora regulado, em seus mínimos detalhes, pelo governo.

Acredito que agora tenha ficado bem mais fácil visualizar o traço em comum entre Bill de Blasio, Ciro Gomes e Adolf Hitler: a obsessão em determinar os rumos da economia – e, consequentemente, da vida de todas as pessoas. A semelhança entre suas ideologias salta aos olhos na medida em que os três acreditam piamente que seja humanamente possível ou mesmo desejável que um grupo de burocratas estabeleça o que deve ser produzido e comercializado, quando, como, por quem e a que preço.  

Friedrich Hayek já apontava o primeiro (mas não o único) fator que desaconselha governantes a intervirem na economia de tal forma:

O caráter peculiar do problema de uma ordem econômica racional se caracteriza justamente pelo fato de que o conhecimento das circunstâncias sob as quais temos de agir nunca existe de forma concentrada e integrada, mas apenas como pedaços dispersos de conhecimento incompleto e frequentemente contraditório, distribuídos por diversos indivíduos independentes. O problema econômico da sociedade, portanto, não é meramente um problema de como alocar “determinados” recursos — se por “determinados” entendermos algo que esteja disponível a uma única mente que possa deliberadamente resolver o problema com base nessas informações.

Além disso, Hayek alertava para o fato de que, uma vez que a um Estado qualquer seja conferido o poder de regular por completo as relações econômicas, resta que este governo, a pretexto de “corrigir distorções”, pode vir a interferir em todo e qualquer aspecto da vida dos cidadãos. Em O caminho da servidão, o austríaco apresentou essa tese demonstrando que as tentativas de exercer um controle central da economia levaram invariavelmente à perda da liberdade individual – em alguns casos extremos, inclusive, ao totalitarismo (basta dar uma olhada para a Venezuela e seu “socialismo do século XXI” para constatar a validade deste teorema).

E ainda existe um terceiro motivo que contraindica centralizar decisões da área econômica no Estado que nós, brasileiros, estamos carecas de conhecer: quando o governo é detentor da prerrogativa de determinar quem pode exercer cada ofício ou atuar em cada atividade econômica; cultiva o hábito de conceder empréstimos para “campeões nacionais” por ele mesmo designados a juros muito abaixo do que pagou para captar dinheiro no mercado; costuma conceder perdões fiscais e isenções tributárias para os “amigos do rei” e extorquir o restante da população sem perdão; o resultado disto tudo será sempre um só: CORRUPÇÃO, CORRUPÇÃO E CORRUPÇÃO. Nas palavras de C.J O’Rourke, quando compra e venda são reguladas por lei, a primeira coisa a ser comprada são os reguladores.

O hoje ministro do STF Luiz Edson Fachin, durante toda sua carreira jurídica, sempre foi um dos adeptos da famigerada teoria da “função social” da propriedade privada, a qual é reiteradamente utilizada para fundamentar atos administrativos que impõem elevação de preços de IPTU de imóveis urbanos desocupados e até mesmo ações de expropriação de terrenos rurais. Até mesmo um novo conceito de “empresa com responsabilidade social” vem sendo gradualmente cunhado e propagado na mídia – como se obter lucro fosse uma atitude reprovável de per si que precisasse ser compensada com outra medida de efeito contrário (isto é, objetivando gerar “impacto social positivo”).

Ou seja, esta mentalidade anticapitalista é bem mais comum do que se possa imaginar. Ocorre que apontar os erros cometidos por empreendedores e seus efeitos negativos sobre a sociedade não é artifício que possa justificar o emprego de políticas públicas de caráter socialista, dado que os resultados nefastos destas superam em muito quaisquer falhas do livre mercado. O próprio prefeito de Nova York levou um “pito”, um dia desses, da apresentadora Trish Intel, da Foxnews, quando do episódio em que ele elogiou uma escultura de uma menina que ficava encarando a famosa estátua do touro de Wall Street:

Da mesma forma que nenhum morador de um condomínio de apartamentos permite que o síndico intrometa-se na sua vida privada, também o Estado deve manter-se adstrito a suas funções primordiais, sem imiscuir-se, em especial, nas negociações livres de ardil de qualquer espécie e realizadas espontaneamente entre os indivíduos, ainda que isto gere desigualdade – o que é muito diferente de pobreza.

Os primeiros colonizadores da América morreram de inanição trabalhando em prol do “bem comum” até que a inovação da propriedade privada foi abraçada como solução e deu origem a nação mais próspera do planeta. Hitler já foi visitar o capeta, mas bem que Bill de Blasio e Ciro Gomes poderiam tentar aprender esta simples lição…

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Trabalhar em uma empresa com responsabilidade social é bem mais fácil do que você imagina…

GN

A Globonews exibiu recentemente uma matéria abordando uma suposta tendência observável no mundo dos negócios: a crescente preocupação dos empresários em “gerar efeitos positivos na sociedade”. Segundo a reportagem procurou demonstrar, até mesmo fundos de investimento têm procurado aplicar o dinheiro de seus poupadores em empresas que “aliem o lucro a questões sociais”.

Pioneira na disseminação e no fomento destes empreendimentos de impacto social no Brasil, a Artemisia, por exemplo, visa “inspirar, capacitar e potencializar talentos e empreendedores para criar uma nova geração de negócios que rompam com os padrões precedentes e (re)signifiquem o verdadeiro papel que os negócios podem ter na construção de um país com iguais oportunidades para todos”. Seu slogan, a propósito, resume bem a visão da companhia:” entre ganhar dinheiro e mudar o mundo, fique com os dois”.

A equipe de jornalismo, claro, preferiu esquecer-se de um detalhe crucial: em um ambiente de trocas voluntárias com pouca ou nenhuma regulação estatal, só irão prosperar e obter ganhos aqueles indivíduos que oferecerem produtos e serviços de maior qualidade a seus consumidores a preços acessíveis, gerando empregos e movimentando a economia ao longo da cadeia produtiva.

Em suma: todo e qualquer empreendedor que não esteja mancomunado com o poder público gera impacto social positivo em sua jornada rumo à riqueza. 

Como bem explicou Renato Russo em entrevista concedida a MTV no auge de sua fama, a qual deveria fazer artistas que vivem de Lei Rouanet e outras verbas oriundas dos pagamentos de impostos enrubescerem: ele só nos premiou a todos com suas inesquecíveis canções – ajudando a criar postos de trabalho no setor fonográfico, dentre outras benesses obtidas por terceiros envolvidos em sua notável obra – porque queria ganhar dinheiro em troca!

Quem viveu ou vive em Curitiba conhece a história do Dog do Zeu: um rapaz que começou vendendo cachorro-quente na rua em parceria com um amigo hoje emprega dez pessoas (todos jovens que poderiam estar ocupando-se de malandragens mil por aí) em uma esquina na terra da Lavajato. Matar a fome de quem passa pelo bairro Bacacheri e ainda proporcionar oportunidades para que os garotos ajudem no sustento de suas próprias famílias: querem impacto social maior do que este?

E que exemplo poderia ser melhor do que a celeuma envolvendo a empresa Guararapes no Rio Grande do Norte, onde o empregador está sendo defendido por seus empregados terceirizados – antes que ele decida trocar os fornecedores brasileiros por paraguaios – em meio a uma ação questionável do Ministério Público do Trabalho? Operário tomando o partido do patrão, em uma perfeita inversão da luta de classes marxista, para o desespero da extrema-esquerda.

Como o Instituto Liberal já explicou aqui e aqui, dentre outras oportunidades, produzir é criar valor a partir da combinação e realocação de recursos escassos visando gerar bens que atendam as necessidades reais de cidadãos comuns, na esperança de convencê-los da conveniência de trocar o fruto de seu próprio trabalho por aqueles bens.

Ou seja, tanto durante o processo produtivo propriamente dito, quanto durante a fase de comercialização dos bens ofertados, a sociedade como um todo sai ganhando – especialmente se houver pouca ou nenhuma intervenção estatal envolvida.

Preparem-se, pois,  para constatarem cada vez mais ações de marketing dando conta de que a empresa X ou Y possui “responsabilidade social”. Grande coisa: qualquer empresário possui. Basta ele não usufruir de bolsa-BNDES (como Joesley Batista e Marcelo Odebrecht), não ser privilegiado por tarifas  de importação protecionistas, não firmar contratos superfaturados com entes governamentais, não buscar junto a burocratas formas de estrangular a competição em sua atividade econômica (como permissionários de placas de táxi).

Enfim, basta que ele seja, de fato, um empresário, e não o sócio de uma join venture com o poder estatal disfarçada de empreendimento privado, e estaremos diante de alguém capaz de beneficiar muitos brasileiros – especialmente os de menor poder aquisitivo – sem precisar, para isso, ostentar uma fama de “justiceiro social”.

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Justiceiros sociais do Canadá afirmam que bebês de seis meses podem ser racistas

But according to a new study published in the journal Child Development, babies as young as six months old can be racist, too – just in a different way than older children and adults are.

“Que vergonha: você sai em público com seu filho pequeno e ele fala algo racista que ouviu de alguém ou aprendeu na TV. A maioria dos pais começa a tomar cuidado para não expor as crianças a manifestações racistas a partir da idade na qual ele começa a entender do que se trata. Até então, acreditava-se ser em torno de três ou quatro anos. Mas conforme um novo estudo publicado no jornal Child Development, bebês de seis meses de vida podem ser racistas também – apenas de uma forma diferente daquela observada em adultos.”

“Os bebês tendem a reagir positivamente a adultos de sua própria etnia e negativamente aos demais, afirma o psicólogo Kang Lee, autor do estudo. Os pesquisadores acreditam que se trata de familiaridade: a maioria dos bebês raramente vê adultos de etnias diferentes da sua própria. Na pré-escola, as crianças começam a desenvolver comportamentos sociais e a mostrar preferências por pessoas brancas e formar visões negativas sobre pessoas de cor, independente de sua própria raça.”

Dá para imaginar o quão doentio é olhar para um serzinho de seis meses de existência e decidir usá-lo como matéria-prima para formular teorias com viés ideológico segregacionista – disfarçadas de trabalho de cunho científico – só para, ao fim e ao cabo, concluir que supremacistas brancos já saem do útero oprimindo negros? Vou ali vomitar e já volto…

No livro Fatos e Falácias da Economiao americano Thomas Sowell explica o que este povo tão preocupado com racismo (sem nenhum interesse político envolvido por trás, claro) recusa-se a entender: manifestar preferência por pessoas da mesma etnia é o mecanismo de defesa mais básico (e, portanto, menos eficiente) do ser humano.

A medida que o indivíduo desenvolve-se, ele assimila e cria métodos para identificar qualidades e aspectos positivos na personalidade das demais pessoas que, eventualmente, irão dispensar por completo a necessidade de lançar mão daquele instinto elementar (alguém avise os membros do Black Lives Matter, aliás).

E o mesmo aplica-se ao conjunto da sociedade: quanto mais ela avança (em termos de aprimoramento intelectual), mais ela tende a abandonar práticas preconceituosas e a classificar seus cidadãos com base em suas ações e outros traços não relacionados ao biotipo – e esta mudança de paradigmas é fomentada não por uma suposta “preocupação com as minorias”, mas sim pelo anseio de obter maiores benefícios em proveito próprio.

O exemplo fornecido por Sowell é a América do período dos primeiros movimentos migratórios oriundos da Europa. O economista relata que, nesta época, muito dificilmente um comerciante contrataria um irlandês, dada a fama de brigões que tal povo carregava. Nenhum empreendedor queria arriscar seus negócios vendo seu empregado sair na mão com um cliente – e era muito difícil obter informações sobre o passado dos candidatos a postos de trabalho as quais pudessem, quem sabe, contradizer este esteriótipo.

À medida que os Estados Unidos consolidaram-se como nação, também a maioria das empresas amadureceu a ponto de conseguir selecionar seus trabalhadores com base em critérios totalmente diversos daquela análise simplista fundada na etnia. Atualmente, os departamentos de recursos humanos de grandes corporações conseguem traçar um perfil completo de cada candidato, a fim de constatar qual deles apresenta maior potencial para determinada atividade, deixando de lado, destarte, a questão étnica.

Tudo em nome de maximizar os lucros e reduzir os prejuízos, por óbvio. Estes são os estímulos que levam um patrão machista a contratar uma mulher competente no lugar de um homem relapso, por exemplo. Em decorrência, empresas públicas ou organizações sem fins lucrativos, as quais não possuem tais estímulos, podem “se dar ao luxo” de serem racistas sem graves consequências.

Direcionando tal lógica ao bebê: é claro que ele não é capaz de discernir entre pessoas boas e ruins quando ainda sequer consegue caminhar ou falar. Em seu afã de manter-se em um ambiente relativamente seguro após sair do conforto do útero da mãe, ele parte para o apelo visual dos indivíduos, e parecer-se com seus pais ajuda bastante neste processo.

Quanto ele crescer (especialmente se não ingressar em uma universidade federal), há boas chances de que ele venha a perceber, como resultado de suas interações e relacionamentos, que julgar pela cor da pele não é um bom parâmetro para afirmar se vale a pena ser amigo de fulano ou beltrano. Thomas Sowell, para quem não sabe, é negro; Thomas Piketty, a seu turno, é branco; donde se conclui que só mesmo um bebê (ou marxistas dotados de inteligência similar) para achar que o segundo é melhor economista que o primeiro julgando apenas pela fenótipo.

É interessante notar: esta turba “progressista” repete ad nauseam que infratores “menores de idade” não podem ser responsabilizados por seus atos. Será que vão querer prender por racismo recém-nascidos agora? Acho que é contradição demais para a cabecinha deles; melhor correrem em disparada para o safe space.

Este tipo de disparate travestido de ciência vem somar-se a outros fatores (entre eles o prolongamento da fase de juventude por tempo indeterminado, a crescente secularização no Ocidente, a quebra da hierarquia familiar e a excessiva intervenção estatal nas relações familiares) que, combinados, reduzem o ânimo de ter filhos e insuflam o medo de criá-los – fenômeno generalizado facilmente observável hodiernamente.

Nada é por acaso: assim fica mais fácil tanto forjar apoiadores para leis que autorizem o aborto, quanto reduzir as taxas de natalidade a níveis tão baixos que “justifiquem” escancarar as fronteiras dos países (como já ocorre na Europa), para o regojizo dos entusiastas da governança global. Obama deve ter sorrido de orelha a orelha ao ler esta matéria, entre uma palestra e outra…

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Já passou da hora de cobrar do Facebook o cumprimento dos contratos firmados

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Já é pública e notória a incoerência do Facebook  quando da avaliação de postagens que supostamente transgrediriam seus “padrões da comunidade”. Perfis que transmitem, de um lado, mensagens extremamente ofensivas, passam incólumes pelo filtro da equipe responsável por apurar denúncias de violação dos termos de uso; de outro, usuários que simplesmente propõe o debate de determinados temas tidos como “sensíveis” são suspensos ou tem suas contas bloqueadas em definitivo.

Como exemplo, há páginas que pregam a morte de judeus que são mantidas no ar porque, segundo declarado pela própria rede social de Zuckerberg, tal comportamento “não infringe as normas da companhia”. Um caso que chamou a atenção recentemente foi a suspensão do escritor Alexandre Borges, da Gazeta do Povo, pelo período de uma semana, em decorrência do seguinte post, alusivo à celeuma envolvendo a exposição queer museum:

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Sobre o caso em tela, o analista político Leandro Ruschel comentou:

Esse foi o post que gerou o bloqueio de Alexandre Borges. Da mesma forma que ocorreu comigo, tal texto não fere os termos de uso do Foicebook. Até hoje estou esperando a resposta da empresa explicando por qual motivo o meu texto foi retirado do ar. Pior do que isso, um seguidor aqui da página que trabalha numa empresa terceirizada do Facebook responsável por moderação afirmou que o meu texto não poderia ter sido censurado. Ou seja, foi um ato arbitrário motivado ideologicamente. 

Pois bem: resta claro que há um tipo de opinião que vem sendo sistematicamente considerado “incorreto” pela patrulha do Facebook. A “régua” utilizada para decidir o que é ou não apropriado está claramente (des)calibrada para uma determinada direção.

Uma simples análise do teor da vasta maioria das mensagens consideradas inadequadas induz a concluir que o errado mesmo, para os vigilantes das publicações, é não reverberar os pontos de vista emanados pelas veículos de comunicação de massa – estes totalmente dominados pela mentalidade anticapitalista, anticristã e pela crítica aos valores que alicerçaram o desenvolvimento do Ocidente.

Por se tratar o Facebook de uma empresa privada, não deveria haver, a princípio, óbice a tal procedimento, visto que os insatisfeitos, em tese, podem simplesmente deixar de usar seus produtos e, quiçá, a partir de sua demanda formada por milhões de insatisfeitos, dar origem a novos serviços voltados a atender seus anseios – e quanto mais liberdade econômica houver no contexto considerado, mais provável que tal rearranjo entre mercado e consumidores aconteça.

O problema, na verdade, reside em outro ponto: uma leitura preliminar do regulamento do Facebook não permite constatar a verdadeira (e inegável) política da empresa. Há somente expressões genéricas, que não possibilitam reconhecer quais são os parâmetros empregados para determinar o que é ofensivo ou não.

Na seção de “discurso de ódio”, por exemplo, a companhia declara que “organizações e pessoas dedicadas a promover o ódio contra grupos protegidos não têm a presença permitida no Facebook” – sem mencionar que grupos seriam esses. Suas ações deixam claro, todavia, que se trata dos estratos sociais tidos como “minorias oprimidas” pelo estamento midiático, mas não há nenhuma menção expressa a tal fato. Dependendo do conteúdo da manifestação, portanto, ela pode virar “ódio do bem” ou ser defenestrada a título de preservar o ambiente saudável das interações.

No mesmo sentido, a empresa roga aos usuários que “avisem o público sobre o que estão prestes a ver, caso o conteúdo inclua violência gráfica” – sem definir o que viria a ser tal conceito abstrato, mas que, pela experiência prática, sabemos bem do que se trata: imagens que contradigam os paradigmas ocultos (mas nem tanto) serão censuradas; as demais serão consideradas tão somente liberdade de expressão ou mesmo manifestação artística.

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Ora, se aqueles que utilizam a referida plataforma digital precisam aderir aos termos de uso compulsoriamente (e voluntariamente), faz-se necessário que as regras sejam claras, ainda que sejam de honestidade questionável. Ou isso, ou o cumprimento do contrato firmado entre as partes torna-se impossível, gerando insegurança jurídica e prejuízos inesperados àqueles atingidos pelo censor – o qual sequer presta-se a fornecer informações mais detalhadas a respeito de suas decisões (o que corrobora com a hipótese de escamoteamento intencional dos reais ideiais do empreendimento).

O cenário até aqui descrito caracteriza uma fraude contratual, um típico desrespeito à propriedade privada.

Se um posto de revenda de combustíveis alega estar vendendo um litro de gasolina quando, a partir de uma bomba adulterada, fornece apenas 800 ml do produto, cabe à parte lesada ser indenizada pelo descumprimento do acordo tácito selado entre comprador e fornecedor –  eu te dou três reais, você abastece meu carro com 1000 ml de combustível.

Da mesma forma, usuários do Facebook celebram um pacto com Mark Zuckerberg quando resolvem fazer uso de sua rede social: você me fornece o instrumento para atingir meu público-alvo com minhas ideias e informações, e eu contribuo atraindo audiência que irá turbinar os ganhos da empresa (e que ganhos) com publicidade.

As cláusulas conforme as quais se dará esta troca voluntária podem ser acordadas entre as partes livremente, e quanto mais explícitas forem, mais fácil ficará de resolver futuros conflitos oriundos de alegações de descumprimento contratual.

Friedrich Hayek, ícone da Escola Austríaca de Economia, sustentava que a ordem espontânea do livre mercado seria a melhor forma de organizar a complexa economia moderna, mas afirmava que o Estado deveria agir para manter o funcionamento espontâneo deste mercado, defendendo a propriedade privada e o cumprimento dos contratos realizados.

Eis porque acredito que já passou da hora de o Facebook receber uma chuva de ações judiciais pelos prejudicados por sua política de legitimidade duvidosa, requerendo tanto o ressarcimento por danos materiais gerados (inclusive lucros cessantes), quanto que a empresa passe a dizer, com todas as letras, sem fazer uso de eufemismos e outros subterfúgios, qual são os seus critérios para definir “discurso de ódio” ou “violência gráfica” – e passe a segui-los fielmente, bem como informe seus parceiros sobre quaisquer eventuais alterações.

A tarefa não é das mais simples para os brasileiros e demais cidadãos não-americanos, uma vez que o foro eleito pelas partes (naquele momento em que simplesmente sai clicando e confirmando que aceita tudo que lhe perguntam na hora de criar seu perfil) é internacional. O capítulo que trata de eventuais disputas legais diz que:

“Você resolverá qualquer reivindicação, causa de ação ou disputa (reivindicação) decorrente de ou relacionada exclusivamente à esta Declaração ou ao Facebook no tribunal distrital americano, para o distrito do norte da Califórnia, ou um tribunal estadual localizado no condado de San Mateo, e você concorda em submeter-se à jurisdição pessoal de tais tribunais com o propósito de pleitear todas essas reivindicações. As leis do estado da Califórnia regem esta Declaração, bem como as alegações que surjam entre você e nós, independentemente de conflitos nas disposições legais.”

Conhecendo a forte influência do “progressismo” no golden state, é de se prever que convencer um magistrado dos argumentos aqui elencados será bastante difícil, mas nada que um bom escritório de Direito Internacional, representando inúmeros litigantes conjuntamente, não possa ao menos tentar – nem que seja para chamar atenção para a fraude contratual em comento.

Ademais, há uma linha jurisprudencial segundo a qual qualquer lesado pelas restrições do Facebook poderia entrar na justiça aqui no Brasil, inclusive por meio do juizado especial (de graça). A cláusula de eleição de foro na Califórnia, segundo estes juristas, seria abusiva.

As redes sociais consistem na última trilha que ainda permite contornar o aparelhamento da imprensa tradicional e estabelecer canais de comunicação entre pessoas comuns e produtores independentes. Todas elas, todavia, vem apresentando, em maior ou menor grau, problemas como os relatados pelos usuários do Facebook. O Youtube estaria desmonetizando vídeos de seu desagrado; o Twitter deletando contas sem aviso prévio; o Google escondendo websites quando da realização de pesquisas.

E todas estas atitudes precisam ser questionadas junto ao Judiciário. Ou isso, ou o Vale do Silício seguirá tranquilamente sua sanha de calar vozes dissonantes ao discurso hegemônico do jornalismo tradicional.

Que fique claro: Se Zuckerberg viesse amanhã a público e admitisse que sua rede social privilegia perfis e publicações de esquerda, sem problema: a empresa é dele e dos demais acionistas, e eles fazem o que bem entenderem. Só que eles JAMAIS demonstrarão tal sinceridade, pelo simples motivo de que, no mesmo dia, TODOS os usuários conservadores e liberais sairiam da rede, e juntos formariam uma demanda tão grande por outro serviço do gênero que fariam surgir uma concorrência que o Facebook não enfrenta há anos.

Além disso, este suposto surto de honestidade ainda custaria ao Facebook ver o preço de suas ações despencar, pois todos os seus investidores de Direita (ou boa parte deles) venderiam suas participações na empresa imediatamente.

Por isso ele precisa manter a pose de “isentão”, exatamente como faz a mídia tradicional. E é esta máscara de isonomia conveniente que precisa ser derrubada, sendo as ações judiciais um caminho possível.

Se, “por acaso”, estas remoções de postagens e suspensões de usuários estiverem relacionadas a gritarias virtuais organizadas simultaneamente, que o Facebook assuma que suas regras de nada valem, e que prevalece a vontade de quem grita mais alto. Se assim for, ao menos podemos tentar revidar na mesma moeda – tal qual ocorreu em um episódio envolvendo um certo banco semana passada…

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Senador do PSDB quer socialismo até na hora de pagar a academia

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Projeto de Lei do Senado nº 30/2016, de autoria do senador Eduardo Amorim (PSDB–SE), veda a cobrança de taxas extras em academias de ginástica para alunos que optarem pelo acompanhamento de professor particular (personal trainer), integrante ou não do quadro de empregados do estabelecimento.

O senador ressalta que, em outros casos, essas cobranças são feitas diretamente ao profissional de educação física. Na avaliação dele, os valores adicionais não se justificam, já que o professor particular apenas supervisiona o treino do aluno, sem utilizar os aparelhos da academia.

Então vejamos: algumas pessoas que frequentam estabelecimentos voltados ao condicionamento físico preferem ser acompanhadas por um treinador exclusivo durante a prática dos exercícios. Em alguns casos, elas contratam personal trainers da própria academia. Outras preferem contar com profissionais autônomos de sua confiança, desvinculados da empresa prestadora de serviços.

O fato é que, de uma forma ou de outra, os usuários que optam pela assistência personalizada costumam ser submetidos a mais duas cobranças – além da mensalidade a que todos estão sujeitos: a remuneração do personal e uma taxa extra cobrada pela academia.

O projeto de lei em questão pretende tornar ilegal esta taxa suplementar, sob o argumento de que os personal trainers orientam os alunos sem fazer uso dos equipamentos da academia – o que tornaria indevida a cobrança.

Eis porque os legisladores não devem interferir nas trocas voluntárias, realizadas sem coerção ou fraude: o conhecimento está disperso entre os agentes de cada setor produtivo, e não há como um burocrata, lá de seu gabinete no Planalto Central, regular a vida de indivíduos sem gerar graves distorções.

Sim, pois o maior problema dos empreendedores deste ramo é que seus estabelecimentos ficam apinhados de gente em determinados horários – aqueles em que a maior parte das pessoas consegue encaixar suas agendas de trabalho, estudo e demais compromissos.

Agora imagine se mais da metade dos usuários resolvesse levar seu próprio treinador consigo: o ambiente ficaria tão caótico que o empresário seria obrigado a reduzir o número de clientes admitidos ou a construir uma nova ala para ganhar mais espaço.

De uma maneira ou de outra, custos adicionais seriam gerados, e seria preciso elevar o preço da mensalidade para cobrí-los. Ou isso ou a insolvência seria o próximo passo.

O preço diferenciado, neste caso, ainda presta-se a transmitir uma mensagem a quem paga; é como se o dono da academia dissesse “tragam seus próprios treinadores, mas com moderação, porque o espaço é um recurso escasso”.

Só que, se o PL do senador social-democrata for convertido em lei, não será possível sobretaxar apenas aqueles indivíduos que motivaram as despesas extras do empreendedor. A solução, por certo, será distribuir este incremento na mensalidade entre todos os consumidores – inclusive aqueles que preferem malhar sem personal trainer.

E temos que o preço da academia foi socializado entre seus frequentadores!

É claro que muitos deles ficarão insatisfeitos em pagar (indiretamente) por algo que não utilizam, e procurarão outras opções de treinamento físico – reduzindo a clientela e colocando em risco a própria sobrevivência do empreendimento.

Vale a pena conferir o comentário sarcástico – mas nem tanto – de Leonardo Glass sobre o imbróglio:

Aí se aprovarem essa lei, as academias vão barrar a entrada de profissionais “independentes”. Então será feita uma nova lei, dizendo que academias não podem barrar personal trainers.

Nesse interim, um personal maroto vai colocar a academia na justiça do trabalho, alegando vínculo. Será então forjada uma NOVA LEI, regulamentando a relação entre profissionais autônomos e academias. O sindicato dos personal trainers e o Conselho de Educação Física entrarão na jogada, exigindo a regulamentação da jornada de trabalho, das condições de trabalho (Volume da música, quantidade de alunos atendidos por dia, e até o uso de EPI’s); e claro, o recolhimento da contribuição e das taxas respectivas.

Nesse interim, alguma startup fará um aplicativo de personal trainer (já existem, eu sei…) e o Governo passará então a discutir a legalidade disso e se isso configura quebra da lei. Sindicato e Conselho de classe novamente fazendo pressão pela proibição de aplicativos de personal trainers em academais. Será então sancionada uma lei disciplinando o uso destes aplicativos em academias.

A coisa chegará num ponto tão caótico que algum deputado fará uma NOVA LEI (a quarta, não perca a conta), dizendo que o aluno poderá sim usar personal trainer ou aplicativo nas academias, desde que haja acordo entre as partes (aluno e academia).

E assim o Brasil seguirá sendo o país do futuro!

É por isso que o artigo 1° de nossa Constituição Federal deveria prever em letras garrafais: “É terminantemente vedado aos governos de todas as esferas intervir em relações comerciais estabelecidas de livre vontade entre os indivíduos”. Os prejuízos gerados pela mentalidade planificadora de nossos gestores são maléficos demais para serem suportados de bom grado por todos os membros da sociedade – mesmo para aqueles que pensam que estão se dando bem em um primeiro momento. Um dia é da caça e outro do caçador; o malandro de hoje é o otário de amanhã.

Se estiver insatisfeito com sua academia, procure outra; a concorrência faz milagres. Deixe o Senado Federal e o Procon de fora disso, de preferência…

 

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Boas notícias, meu povo feio: agora somos todos pós-bonitos!

Post beautty

Eleger determinados extratos sociais supostamente desfavorecidos, sob um ponto de vista qualquer; apontar certos grupos de indivíduos como detentores de privilégios e responsáveis pelo sofrimento dos primeiros; gerar, desta forma, conflito e instabilidade no seio da sociedade; oferecer-se como mediador e defensor dos fracos e oprimidos; alegar que necessita, para realizar tão nobre missão igualitarista, concentrar muito poder e recursos financeiros extraídos do setor produtivo em suas mãos; usar tais prerrogativas para criar regramentos esquizofrênicos e implantar tributações que tornam o ambiente de negócios extramente viciado – no sentido de favorecer empresários com “boas relações” e impossibilitar que a concorrência lhes ameace.

Esta tática de Divide et Impera, isto é, Dividir e Conquistar, é tão antiga quanto o império romano, mas nunca sai de moda. Há sempre o embate da vez fomentado por aqueles que veem nas massas de manobra – aquelas pessoas que se deixam levar por uma onda filosófica qualquer sem se dar ao trabalho de investigar suas origens, agindo por impulso revolucionário e alienando sua própria consciência – os instrumentos necessários à legitimação de suas odiosas pretensões disfarçadas de “progressismo”.

Nesta esteira, nos acostumamos a ver  operários sendo atiçados contra patrões, negros contra brancos, esposas contra maridos, homossexuais contra heterossexuais, dentre tantas outras dicotomias artificialmente criadas entre povo e contra-povo, como bem definiu Gloria Álvarez em sua obra sobre o populismo bolivariano.

Mas tudo tem limite: opor pessoas feias e bonitas já é apelar demais – para não dizer que é hilário, com todo respeito aos “prejudicados no quesito face”, como dizia um amigo. Bem-vindos todos a era da pós-beleza, tema deste “trabalho” de publicidade produzido por um blog do UOL:

Observem a que ponto chega o relativismo de concepções, o desprezo pela realidade material: não há mais certo ou errado, melhor ou pior, e nem mesmo bonito ou feio – a menos que a ordem para enxergar beleza em alguma coisa tenha partido de pessoas “preocupadas com a diversidade”, claro: daí pode ser o cão chupando manga que vira lindo de morrer do dia para a noite.

Os entrevistados deixam clara sua preocupação em serem “diferentes”, ou então “meio errados”, como afirma um deles. Quase todos (com exceção da linda moça “reaça”) demonstram orgulho de dizer que “não estão nem aí para os outros”, mas gastam horas e horas na frente do espelho para, justamente, deixar o seu visual o mais estranho possível. Eis aí a demonstração prática da ideia de Supervalorização da Racionalidade nas Escolhas formulada por Theodore Dalrymple:

Não causa surpresa, pois, que as pessoas concluam que um costume qualquer não deveria ser ridicularizado ou descartado em razão de sua conteúdo particular, mas simplesmente por ser um costume e, portanto, deletério – ex officio, por assim dizer. Essa conclusão seria em muito fortalecida pelo elogio contemporâneo à originalidade, ou seja, aos esforços de uma pessoa meramente para se fazer diferente – não para ser melhor em algo, mas apenas para ser diferente. Aqui, de forma muito clara, temos um preconceito contra o preconceito.

Vale dizer: o conceito de clássico resta totalmente invertido, na medida em que deixa de ser aquilo que sobreviveu ao teste do tempo e foi aprovado e transmitido adiante por muitas gerações como algo a princípio bom, para passar a ser algo que merece ser desmoralizado pelo simples fato de ter sido herdado de nossos ancestrais – ainda que tal tradição se mostre benéfica. A verdade, neste contexto, passa a ser também apenas uma questão de ponto de vista – ótimo para defensores de ideologias que não deram certo uma única mísera vez na história.

Roger Scruton, em sua obra Por que a Beleza Importa, argumenta que a beleza não é apenas uma questão de gosto puramente subjetivo, mas algo que dá sentido à vida, que nos conduz momentaneamente a planos morais e espirituais superiores:

“Em qualquer época entre 1750 e 1930, se você pedisse às pessoas cultas para descrever o objetivo da poesia, da arte ou da música, elas teriam respondido: a Beleza. E se você perguntasse pela razão disso, você aprenderia que a Beleza é um valor, tão importante quanto a Verdade e o Bem. Depois, no século XX, a beleza deixou de ser importante. A arte, cada vez mais, concentrou-se em perturbar e em quebrar tabus morais. Não era a beleza, mas a originalidade, conseguida por qualquer meio e a qualquer custo moral, que ganhava os prêmios.

Não apenas a arte fez um culto à feiura; a arquitetura também se tornou desalmada e estéril. E não foi somente o nosso ambiente físico que se tornou feio. Nossa linguagem, nossa música e nossas maneiras estão cada vez mais rudes, egoístas e ofensivas; como se a beleza e o bom gosto não tivessem nenhum lugar real em nossas vidas.  […] Eu acho que nós estamos perdendo a beleza e há um risco de que, com isso, nós percamos o sentido da vida.”

Edmund Burke, em Uma Investigação Sobre a Origem de Nossas Ideias do Sublime e do Belo, assim definiu a beleza:

Chamo a beleza de uma qualidade social, porque toda vez que a contemplação das mulheres e dos homens, e não somente deles, quando a visão de outros animais nos proporciona uma sensação de alegria e de prazer (e há muitos que causam este efeito), somos tomados de sentimentos de ternura e de afeição por suas pessoas, gostamos de tê-las ao nosso lado e iniciamos de bom grado uma espécie de intimidade com elas, a menos que tenhamos fortes motivos para o contrário.

Mas tudo isso, aparentemente, virou démodé. O lance agora é chocar, é surpreender, é aplicar um susto – e olha que neste comercial do UOL eu levei alguns, viu? No episódio recente da exposição profana, pedófila, zoófila e de péssimo gosto organizada pelo Santander e bancada com dinheiro do pagador de impostos ( cuja resolução se deu sem demandar interferência estatal ou envolver episódios de violência, ensinando aos “antifascistas” como resolver as coisas feito adulto), alguns pândegos alegaram que “a arte sempre foi ofensiva”, como se artistas tivessem salvo conduto para incorrer em crimes em sua sanha de subverter a expectativa do interlocutor.

Sou bem mais a arte da minha sogra: ela não quer chocar os clientes que compram seus quadros, mas tão somente agradar suas vistas, provocar sentimentos positivos e acalmar-lhes a alma. E o resultado é de tirar o fôlego:

Mulata. 1  Princesa Mulher na janela

Menina e girassol

https://www.pinterest.com/garcezaraujo/meus-quadros/

Galo

Leitora

 

Este freak show exibido pelo UOL nada mais é do que outro desdobramento da deturpação de valores característica desta geração de seres humanos mimados pelo conforto advindo do capitalismo: o que representa a insignificante realidade diante da premente necessidade de ter os desejos atendidos? Se você nasceu ou é feio, portanto, basta exigir que lhe reconheçam como pós-bonito, e pronto – mesmo vivendo em uma época na qual tratamentos estéticos e de condicionamento físico são acessíveis a todos como nunca foram.

No mesmo blog, aliás, é possível deparar-se até mesmo com vitimização de pedófilos. Uma rápida pesquisa deixa claro o porquê desta orientação revolucionária ser tão presente no referido espaço virtual: o Universo Online faz parte do Grupo Folha, dono do jornal de mesmo nome que adora retratar policiais como bandidos, dentre outras presepadas típicas da esquerda pós-revolução cultural de 1968.

E agora? Vamos mandar queimar todas as cópias do best seller A Vida Sexual da Mulher Feia? Vamos retirar vídeos do cantor Falcão do Youtube? Que o façam, mas deixem pelo menos este aqui, como lembrança de uma época em que era sinal de bem-aventurança saber rir de si próprio:

 

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A vítima da vez: agora a língua inglesa é acusada de xenófoba

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A Física já teve seus dias de Cristo crucificado na mão da turba “progressista”. Depois foi a vez da Matemática levar uns sopapos por sua relação intrínseca com a lógica pura – e avessa, portanto, a qualquer princípio básico da esquerda. E agora, no mais novo capítulo deste esforço concentrado para retirar do currículo escolar qualquer coisa que permita aos jovens serem úteis aos demais cidadãos e tornarem-se produtivos no mercado de trabalho, o alvo está na testa do idioma anglo-saxão: organizadores de uma conferência em Boston declararam sua pretensão de fazer a língua de Shakespeare perder relevância no mundo acadêmico. O motivo? Preocupação com a ascensão de sentimentos nacionalistas e xenófobos, dizem.

Mais especificamente, a Society for Social Studies of Science (jura? achei que era o pessoal do clube de caça e tiro do Texas) estimulou os inscritos em seu encontro anual a elaborarem seus trabalhos de pesquisa em outras línguas que não o inglês. Segundo consta do comunicado, Estados Unidos e Inglaterra, grandes responsáveis por transformar o inglês em uma linguagem universal, são países que hoje adotam políticas que “enviam uma mensagem de isolamento e provincianismo, ameaçando a importância das diversidade humana”.

A piada pronta do evento: muito embora pretendam promover este tão bem intencionado (suposto) enriquecimento cultural, o comitê pede que as pesquisas entregues em outros idiomas venham acompanhadas de suas respectivas….versões em inglês! Ué?

Agora um pouco de vida real para adultos que não comem com talher de plástico: o inglês não foi imposto de cima para baixo como língua que deveria dominar o planeta, sob pena de multa e prisão dos descontentes. Foi a produção cultural, científica e industrial destes países que espalhou o idioma aos quatro ventos de forma totalmente espontânea. Músicas, filmes, obras literárias, descobertas em diversos campos de estudo, inovações tecnológicas: foram estes bens gerados, ofertados e trocados voluntariamente que levaram consigo a língua inglesa (no pacote) a todos os confins do mundo.

Se isso facilitou, dali em diante (especialmente a partir da segunda metade do século XX), a vida dos falantes nativos do inglês? Sem dúvida. Mérito deles – e sorte a nossa. O que o Esperanto fracassou miseravelmente em realizar, ingleses e americanos operacionalizaram (sem querer) como brinde para a humanidade: as fronteiras do conhecimento erguidas pelas diferenças linguísticas foram derrubadas pela comunicação universal oferecida pela língua inglesa.

Eis aí o cerne da questão: se hoje um grupo de empresários de Xangai reúne-se com sauditas para tratar de negócios, não se faz necessário nem que chineses arranhem no árabe nem que os sheiks arrisquem o mandarim; a língua inglesa presta-se a intermediar o negócio, eliminando custos na medida em que facilita o processo.

Se um turista Belga resolve visitar a Itália, o inglês pode perfeitamente proporcionar entendimento entre o turista e o povo local, dispensando a necessidade de contratar um tradutor ou de perder tempo e dinheiro antes da viagem aprendendo italiano – barateando o passeio em muito e ampliando o contato entre diferentes culturas.

Se um fugitivo dos campos de trabalhos forçados da Coréia do Norte ou da ilha de escravos dos irmãos Castro no Caribe pretende, tão logo se restabeleça dos percalços da fuga, contar sua história de sofrimento ao maior número possível de pessoas, basta publicar um livro em inglês – a partir dali, ele será rapidamente traduzido para todos os demais códigos linguísticos existentes.

Ou seja, não apenas esta adoção da língua inglesa como idioma mundial tornou diversos aspectos de nossas vidas mais eficientes e menos dispendiosos, mas também pôs todos os seres humanos para conversar. Abrir mão desta ferramenta seria, aí sim, condenar as nações e seus povos ao isolamento. Como se fala incoerência em inglês mesmo?

Nas palavras de Leonardo Glass, colaborador do Instituto Liberal:

há algumas décadas, o francês e (em menor extensão) o latim eram línguas universais, ou seja, a universalidade de uma língua não tem a ver com “pagar pau pra americano”. O crescimento do inglês como idioma universal se deve principalmente ao fato de que trata-se de uma língua mais simples de aprender e de falar do que os idiomas latinos (dentre eles o próprio francês e o latim).

O inglês é uma língua mais “primitiva” do ponto de vista da sintaxe, mas funciona muito bem para expressar ideias completas e sentimentos complexos. Não fosse assim, certamente outra língua tomaria o lugar dela.

Está mesmo difícil deste pessoal das “ciências sociais”(?) digerir o Brexit e engolir o resultado da última eleição americana. Qualquer oportunidade de bater em ingleses e americanos não pode, aparentemente, ser desperdiçada – ainda que ao preço de condenar a língua inglesa, o instrumento que permite a irmanação de cidadãos de toda a Terra, ao banimento.

Sejamos francos: aumentar o abismo intelectual entre as elites financeiras e as pessoas comuns é tudo que estes perseguidores da Física, da Matemática e do Inglês querem – enquanto as próximas iniciativas neste sentido estão sendo preparadas. Quanto mais imbeciliza-se uma população, mais fácil fica alegar que ela não reúne condições para decidir por si própria que rumos tomar, servindo como justificativa para manter poder econômico e decisório na mão de burocratas e seus apaniguados da iniciativa privada.

Os colombianos rejeitaram o famigerado “acordo de paz” com as FARC, o qual equivaleria a conceder anistia e garantir cotas no congresso nacional ao PCC? Cuánta ignorancia de este pueblo!

Os brasileiros em massa rejeitaram o desarmamento? Quanta ignorância deste povo!

Transformar o sistema previdenciário em fundos individuais? Mas o brasileiro médio é muito ignorante para poupar por si próprio.

E assim segue o ciclo: retira-se sucessivamente mais e mais importância de todas as matérias tradicionais do ensino clássico, a ponto de encher a grade curricular com aula de dança na boquinha da garrafa, oficina de lacração no Youtube, ideologia de gênero, e pronto: temos um estamento burocrático garantido e ampliado, na medida em que a mobilidade social característica do livre mercado resta deveras prejudicada pela idiotização dos indivíduos.

Até o Bolsonaro mostrou que manda bem no inglês. Fica a dica…

JB

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