O Lar dos Bravos Virou a Terra do Desrespeito

Danilo Gentili, certa feita, definiu o politicamente correto como sendo “tudo aquilo que está fora da correção política que um grupo com representantes no mainstream tenta implantar por meio de pressões e encheções de saco”. Traduzo e já dou um exemplo: foi padronizado pela mídia dos Estados Unidos que posicionar-se contra os queixumes perpetrados pelo black lives matter e outras confrarias do ódio similares consiste em comportamento condenável. E pronto. Tal prerrogativa foi conquistada na base de muita violência urbana, patrimônio público e privado destruído, mentiras em profusão, assassinato de policiais (brancos e negros) e desserviço prestado por agitadores de massas de manobra. O resultado é que criticar quaisquer iniciativas desses grupelhos é qualificado, indefectivelmente, como racismo – ainda que isso insufle a tensão entre brancos e negros como não se via desde o tempo da “democrata” Ku-Klux-Klan. E a NFL, a bilionária liga de futebol americano, não escapou dessa cruzada dos intocáveis monopolistas da virtude. Aliás, nem o hino da América escapou.

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Desde 1918, quando a canção star spangled banner foi reproduzida antes de um jogo de baseball, em homenagem aos soldados que combatiam na primeira guerra mundial, executar o hino nacional americano passou a ser uma tradição de todo evento esportivo. Eis que, em meio à querela que questiona os métodos de abordagem policial – ressalte-se que o maior controle sobre as ações praticadas pelas forças de segurança vem resultando em um aumento significativo da criminalidade naquele país (o maior nas últimas duas décadas), o quarterback reserva do San Francisco 49ers Colin Kaepernick recusou-se a ficar em pé durante este momento de tamanha relevância patriótica. O motivo? Uma suposta “guerra silenciosa” contra o profiling e pela contenção de outras ações preventivas empregadas pelo policiamento ostensivo.

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Se alguém imaginou que o ato do insurgente seria considerado um ultraje a valores caros àquele povo, esqueça. Ao contrário, a moda pegou, e até cheer leaders e cantores escalados para entoarem o hino entraram na onda, que acabou por invadir outros esportes. Obama, obviamente, endossou a atitude (sendo ele o grande fomentador desta luta de classes moderna, não poderia ser diferente), e até a juíza da suprema corte Ruth Bader Ginsburg declarou que não há crime na conduta, muito embora a caracterize como “burrice”. De fato, servir de marionete de movimentos coletivistas é fruto de ignorância das mais graves mesmo – e, neste caso, um belo tiro no pé, especialmente em se tratando de moradores de bairros das periferias das grandes metrópoles.

Senão vejamos: até então, um policial americano poderia (e deveria) interpelar qualquer suspeito que caminhasse por quadras seguidas atrás de uma mulher jovem, em um bairro com alto índice de estupros, ao anoitecer. Entretanto, o risco de ser processado administrativamente e linchado nas mídias sociais por tal procedimento subiu tanto nos tempos recentes que, hoje, o “meu corpo, minhas regras” fica em segundo plano em uma conjuntura como essa.

E essa mesma lógica (ou falta de) aplica-se a diversas outras situações em que um crime poderia ser evitado antes mesmo que o marginal pudesse engajar-se no delito – ao melhor estilo do filme “Minority Report”. Mas um grande número de americanos, aparentemente, prefere “How to Get Away With Murder” (or rape). Afinal, estamos tratando de vítimas do sistema, que foram compelidos por sua condição social a infringirem a lei, pois não? Paulo Freire não me deixaria mentir (sozinho).

Mas bancar o preocupado com “minorias oprimidas” é tática que costuma retornar ótimos dividendos. Às favas com os números e sua frieza fascista. Bem melhor desprezar o fato de que, após crescimento de 178% de porte de armas registrado entre 2007 e 2014, a ocorrência de crimes violentos tenha despencado em 25%; melhor ainda ignorar que, na sequência, logo após os desdobramentos da polêmica de Ferguson e a correlata criação do (only) black lives matter e suas linhas auxiliares, os índices de criminalidade tenham voltado a crescer assustadoramente – Saint Louis experimentou um acréscimo de 60% neste quesito.

A estratégia de marketing que prega que a polícia americana transfigurou-se em um esquadrão de extermínio de negros (e que as armas assassinas nas mãos dos cidadãos contribuem para tal drama; vai entender) deve estar rendendo bastante audiência para seus propagadores, mas também resulta em muitas mortes desnecessárias. E olhe que as estatísticas oficiais deixam claro que esta suposta limpeza étnica é mais falsa que o choro do Barack no púlpito da Casa Branca.

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Querem um exemplo prático dos benefícios advindos de engrossar o coro do “mimimi”? O atleta em questão acaba de tornar-se titular de seu time. A luta continua, companheiros – agora na equipe principal, correto? Toca aqui, parceiro. Encampar a guerra pela igualdade compensa mesmo (para meia dúzia de espertalhões). Bradar contra a polícia, então, pode até mesmo render uma cadeira na Assembléia Legislativa, como bem sabe o companheiro Freixo.

Desrespeitar um dos símbolos nacionais mais representativos dos Estados Unidos demonstra com precisão o que querem esses “senhorzinhos satisfeitos”: subverter tudo aquilo que contribuiu para transformar aquela nação no lar dos seres humanos mais privilegiados do planeta – especialmente os menos abastados. Obama deseja, declaradamente, “transformar fundamentalmente a América”, e isso passa necessariamente por oferecer o governo americano como mediador de uma guerra tribal criada por ele mesmo e seus comparsas – se isso vai resultar em aumento do tamanho do Estado, mais interferência na vida das pessoas e caos urbano, fazer o que, não é? O custo dessa operação de Latino-americanização dos Estados Unidos? Alguns episódios de  “knock-out game” pelas ruas, e outras brincadeiras de pouca gravidade se comparadas à “dívida histórica dos brancos”, correto?

Ou incorreto? Bom, aguardemos e vejamos o que vão decidir por nós. Obrigado por pensar por mim, Presidente Hussein. O que seria da “minha classe” se não fossem esses abnegados em apontar que temos tantos inimigos na sociedade – e nenhum deles está no governo de Esquerda e suas tentações socialistas, desnecessário dizer. Como tudo que é publicado pelo NYT e pela CNN é simplesmente traduzido ipsis litteris por nossos veículos de comunicação tupiniquins, em breve o hino nacional brazuca também estará sendo desrespeitado.

Opa, isso já ocorre, por um sem número de motivos, mas notadamente por falta de educação. Vai ser melhor os paladinos da igualdade encontrarem outra forma de “protestar” por aqui, e de preferência que envolva depredar ônibus e escolas, ou vituperar tradições; fazer reivindicações de forma pacífica e ordeira é muito quadrado, meirmão. Ou, quem sabe, eles ouçam o que tem a dizer Chloe Valdary antes de baixarem as calças e empinarem os traseiros durante o hasteamento do pavilhão nacional:

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2 comentários sobre “O Lar dos Bravos Virou a Terra do Desrespeito

  1. Excesso de liberdade tem disso. Em nenhum outro lugar do mundo tais protestos surtiriam tanto efeito (sim, estou olhando para você Manuela “Fora Temer” D’Ávila) quanto nos EUA. Aqui é ridículo, lá é político. Nos EUA questão racial é bem mais séria do que aqui (não lembro de leis no Brasil segregando negros de brancos). O problema é justamente esse: como definir o que é racismo? Qual é a linha que separa uma abordagem pessoal (pessoa suspeita) de uma abordagem racial (abordagem motivada apenas pela cor de pele)?

    Existem pessoas demais, traçando linhas demais, gerando muita confusão e causando muitos problemas. A consequência disso é que o foco sai do problema (racismo) e recai sobre o método de identificação do problema. Discute-se mais o método, do que o mérito.

    Outro problema é a coletivização da responsabilidade em detrimento à personalização do dolo. Nos EUA houveram políticas segregacionais, algo endossado pelo Governo. Lá ser “racista” era visto apenas com “seguir as leis” (pode-se discutir a moralidade dessas leis, mas não é esse o ponto aqui). No Brasil, quando uma PESSOA ofende a outra – chamando-a de macaco, por exemplo – despersonaliza-se esse fato e ele é extrapolado para todo um coletivo ao qual o ofensor supostamente pertence. Exemplo mais cabal: Patrícia Moreira, torcedora do grêmio, e o goleiro Aranha.

    Em suma, o maior fomentador do racismo não são os racistas, mas a abordagem simplista do problema. Como prega a sabedoria do bom-senso: “Quando tudo é racismo, então nada é racismo”.

    PS: Não abordei o viés político do racismo, porque aí seria algo mais complexo e com milhares de desdobramentos.

    PS2: Kaeppernick só foi pra titularidade, porque o Blaine Gabbert não tem rendido bem. Mas concordo que os protestos fizeram um bem danado pra imagem do Kaeppernick, por que os números dele… 😦

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    1. Pois é, Leonardo. O que salta aos olhos é que bandeiras supostamente legítimas estão sendo tremuladas por aproveitadores vivaldinos, que pouco estão ligando para as reais vítimas, e, na verdade, estão gerando muito mais prejuízo para toda a sociedade do que qualquer outra coisa. Abraço

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